BARROS, Manoel de.

Vi uma flor brotando noutra.

O vermelho seria mais que o sangue no papel, quando eis que vi com minha mão cortada / curtida a desutilidade agradavelmente fascinante do momento.

Minhas insolências verbais foram ao encontro de um mito de existência ancestral e que misturava memória com conhecimentos sensoriais. E que formava através de então uma ciência primitivamente vanguardista.

Gostava de como este mestre distantemente presente humanizava as coisas e o tempo.

Ah, e como ele transfigurava o nada pelas visões! E como ele conseguia morar em lugares e palavras diferentes com pura naturalidade!

Sonhava em todos os dias com um objeto verbal que fosse capaz, só ele, de convergir ambições distintas e de tirar o nunca de tudo aquilo que dura enquanto é eterno.

O impossível se fez absolutamente verossímil desde sempre... e eficaz, partindo de fios de cabelo tão sábios que se utilizavam da ignorância para saber como se recurar à uma infância rica.

Só precisou da razão como acessório para criar, crescer e caminhar para as origens ao invés do fim.

Gustavo Schaefer
Enviado por Gustavo Schaefer em 07/01/2007
Reeditado em 17/09/2018
Código do texto: T339569
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.