Visita a estátua

Ola Carlos, cumpri o dever de visitar-te

e vir comparar meus rabiscos a tua arte

em parte sem rima e sem uma métrica

pois tenho em mim sua herança mista

da desconstrução Oswaldiana da ética

na Semana que começou a Escola Modernista

Serei sincero: como sempre, fui contraditório

falhei na tentativa de me separar da urbe agitada

nos meus tempos, assim como nos seus, há inúteis

torres de ametista que seriam tombadas muito cedo

Algo me diz que tombariam com um avião

mas não sei se nosso Mundo seria assim tão

preguiçoso a ponto de querer repetir o passado hoje

como fez a vinte anos, quando nasceu outro gauche

Lá se vai gente a andar por volta de ti

também querem uma entrevista

tentei algo mais particular, juro!

Mais tens mania de se entregar á outros!

Mas olha só que juvenil audácia

um poeta menor tentando repreender

o fazer poético o melhor modo de ver

de quem é formado até em farmácia!

De coração, pensei que seria mais fácil

escrever-te em versos uma homenágem

mais tal fato explica-se com certa facilidade, mestre

a estatua que aí esta não tem o peso da personalidade

Mas para provar que este poeta ainda tem sua vaidade

vou começar uma rima que, falando com toda verdade,

já desenhava a sua lógica nos versos que estão aí acima

e para mostrar que teu grandíssimo valor aqui ainda fica

escrevo nesta estrofe uma rima de classificação dita rica

com certeza gostarias do valor da graça dessa minha rima!

Basta, que a caneta já se afoga em seus coloridos risos

com comparações entre grandezas tão desproporcionais

talvez eu tennha sido um gauche sem ter sido um gênio

e para provar que ainda controlo esse estranho engenho

boto a caneta com a sua tampa na mesa e não rimo mais

Mais frases se escrevem de repente

e com uma voz que quase reconheçi

“Se rio agora, não é exatamente de ti

julga-se inferior a toda minha gente

Procurando versos de valor, perdes a própria paz

o valor é uma piada drummondiana:

qual o valor de uma vida mundana?

Ninguém controla o Espirito da Poesia, caro rapaz!”

Ernani Blackheart
Enviado por Ernani Blackheart em 05/01/2012
Reeditado em 07/01/2012
Código do texto: T3423895
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