Águas correntes
Entre Pardo, Grande e Sapucaí,
Guaíra fica logo ali,
Nas águas que correm,
Pelos antigos sertões Caiapó,
Terra generosa e produtiva,
Mas também digna de dó,
Tinha lavoura e riqueza,
Agora é cana, e só.
Éramos felizes e não sabíamos,
Que seria da poeira ao pó,
Antes ouviam-se fogos,
Espantando as pombas da plantação,
Hoje o estampido é agudo,
Eis um corpo caído no chão,
Plana como um tapete,
Irregular na contradição,
De mansões e caminhonetes,
Carroças e catadores de papelão,
Agiotas e rufiões, travestidos de caipiras,
Usura e malandragem,
Retrovendas garantidas,
Meu escudo é protetor,
Minha palavra é minha polícia,
Vou pedalando minha magrela,
Com um olho no padre, e outro na missa,
Sou um contestador, mas nunca um traíra,
Pode não parecer,
Mas amo você, Guaíra.