Águas correntes

Entre Pardo, Grande e Sapucaí,

Guaíra fica logo ali,

Nas águas que correm,

Pelos antigos sertões Caiapó,

Terra generosa e produtiva,

Mas também digna de dó,

Tinha lavoura e riqueza,

Agora é cana, e só.

Éramos felizes e não sabíamos,

Que seria da poeira ao pó,

Antes ouviam-se fogos,

Espantando as pombas da plantação,

Hoje o estampido é agudo,

Eis um corpo caído no chão,

Plana como um tapete,

Irregular na contradição,

De mansões e caminhonetes,

Carroças e catadores de papelão,

Agiotas e rufiões, travestidos de caipiras,

Usura e malandragem,

Retrovendas garantidas,

Meu escudo é protetor,

Minha palavra é minha polícia,

Vou pedalando minha magrela,

Com um olho no padre, e outro na missa,

Sou um contestador, mas nunca um traíra,

Pode não parecer,

Mas amo você, Guaíra.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 12/01/2012
Reeditado em 13/01/2012
Código do texto: T3436933
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