Olá, Clayton!

Passou-se tanto tempo...,
e só ontem vim saber o que lhe aconteceu.
Apesar do nosso pouquíssimo contato,
sempre o admirei, como jovem talentoso,
carismático e humilde.
Tomei um grande susto com a notícia
e, como aconteceu com muitos outros amigos
aqui do Recanto, fui tomado por uma grande tristeza,
como sempre fico quando me lembro
das incertezas e fugacidade da vida.
Então decidi lhe prestar uma homenagem
imaginando a sua luz como o dia,
vencido pela noite, para renascer em seguida,
numa outra rodada, em outro plano...

Assim, Clayton, quero lhe dizer que:

O dia escureceu diferente,
triste, a lamentar a vinda da morte.
E a luz saiu em desespero
a gritar afobada: esquece-me, oh noite!
Estás a me sufocar com tuas sombras.
Cuida de não vir, sorrateira,
oferecer-me o piscar de muitas estrelas,
pois quero a luz forte e quente de uma só.

Depois, mais resignada, falou a luz:
Mas se inevitável és, e queres me pintar
com esse estado de melancolia que
tanto te agradas, então aceito as tuas estrelas,
e que elas pisquem muito para lembrar a todos
o que fui, e que vou renascer, sempre,
apesar de, por você, ser sempre vencida.