O CHICO NOS VINGOU
Chico Anysio nos vingou. Várias e várias vezes. Reconhecíamos em alguns dos seus tipos, pessoas que estavam ao nosso redor e que nos incomodavam. E quantas vezes rimos do absurdo, da cretinice e do doentio...
Sentíamo-nos vingados quando ele representava o político corrupto que não temia em confessar: "Eu quero que o pobre se exploda"; o líder religioso cheio de ganância, que almejava recolher na "sacolinha" o suado dinheiro dos fiéis; aquele pessimista Urubulino, que só via desgraça em tudo o que acontecia; ou ainda o "cara que se acha" só porque trabalha na Rede Globo.
Ríamos não porque éramos idiotas que riem da própria desgraça, mas porque a ironia é mais poderosa que o argumento lógico e porque o riso de si mesmo nos liberta para nos aceitarmos, ou para mudarmos.
Desde ontem, o Chico não vai nos vingar mais. Ele disse certa vez: "Eu não posso consertar nada, mas tenho a obrigação de denunciar tudo". Temos que aprender a enfrentar a estupidez, a mesquinhez, a corrupção e todos os males que nos assombram de outros modos.
Em todo caso, obrigado Chico. Você tornou esta luta pelo menos mais prazerosa.