MINHA DESPEDIDA DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Embora tardiamente publico o texto que redigi na minha despedida do Serviço Ativo do Exército Brasileiro em 2002. É uma homenagem que presto á Instituição e a todos que lá conheci.

DESPEDIDA

Ao término desta jornada iniciada em 1968, quando da minha inscrição para o exame seletivo á Escola Preparatória de Cadetes do Exército, não poderia deixar de dirigir-lhes a palavra.

Não pretendo fazer uma despedida do Exército, até porque a farda não é propriamente um pedaço de pano detalhadamente costurado, e sim um complexo de atitudes. Também sei que as pessoas podem não se lembrar do que eu fiz ou disse, mas certamente se lembrarão de como as fiz sentir-se nas minhas atitudes.

Vejo-os, aqui na minha frente, como uma mostra singela do Exército: brancos, pretos, loiros, morenos, ricos, pobres, gordos, magros. Infantes, cavalarianos, artilheiros, engenheiros, comunicantes, do QAO, QCO, QEM, de carreira, temporários, Prestadores de tarefa, pára-quedistas, combatentes de selva, da montanha, mineiros, gaúchos, nortistas, nordestinos, mato-grossenses, paulistas, todos irmanados nesta imensa família verde-oliva, cor e veste desta Instituição que prezo, que sempre procurei dignificar. Deus, na sua infinita bondade, permitiu que a ela me integrasse, progredisse, constituísse família, crescesse na vida e na carreira.

A Instituição sempre reconheceu o que fiz nas diversas funções que desempenhei, fruto das habilitações vencidas com enorme sacrifício. Se não atingi os objetivos naturais destas situações foi porque Deus, novamente Ele, me preserva para algo maior.

No entanto, quando começamos a contar estórias a cada momento, colhidas em experiências vividas, ao sermos solicitados a solucionar problemas no trabalho cotidiano, é o momento de ir.

Já posso ver escritos meus, frutos de percepções futuras, em inúmeros decretos, leis e até no fluxo de todas as carreiras de todos os Srs e Sras.

Missão cumprida. Fiz a minha parte

E neste momento, agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para o meu progresso.

A Deus e a meus pais pelo sustentáculo espiritual e formação que tive.

Ao nosso País, que prometi defender com sacrifício da própria vida, que, na oportunidade de representá-lo, e não o decepcionei, colocando a Bandeira Nacional no ponto mais alto do pódio e determinando o canto do Hino Nacional em terras estrangeiras para reverenciar o triunfo de um brasileiro nascido junto da fronteira marcada a sangue pelos nossos antepassados.

Aos Srs e Sras, como já me referi, aqui representando o Exército, pela coleta de experiências que vi, senti , colhi, assimilei , espalhei por todos os cantos desta terra verde-amarela, durante todos esses anos nas diversas guarnições que servi e que, a partir de agora, passarei a traduzir para o mundo civil, numa jornada nova que se inicia.

Por fim a minha família, aqui representada pela minha mulher e filha, que me sustentam psicologicamente e que muito sacrifiquei, particularmente nestes últimos 12 anos, para progredir na carreira e que vive comigo todas essas jornadas.

Que Deus proteja a todos. Muito obrigado.

Porto Alegre,RS, 30 de outubro de 2002

Flavio Martins Pinto

Cel Inf QEMA