DEUSES NUS

               (à minha amada mãe Hilda, in memoriam)
 


Por onde foste, nas tuas mãos, as rugas
contaram a história dos deuses nus.
Sob colunas de mármore, sob o olho da lua,
em fábulas e preces, foram tuas servas de luz.
 
Amassaram o pão que era sagrado.
Sobre a toalha branca, a rosa caída.
Tuas mãos uniram-se a ela e lado a lado
formaram o sereno buquê de tua vida.
 
Ainda tenho na íris tuas mãos pequeninas.
Mãos de fada, de anjo, mãos de menina,
veias que eram minhas cordilheiras azuis.
 
Com elas plantaste hortas de encanto,
jardins que sorriam nas horas de pranto,
antepassadas de estrelas - são meu infinito que flui.



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