Aos que se foram jovens
Sinta cada gota de alegria
Sinta...
Sinta sobretudo as superficiais gotas de raiva
E entenda que elas evaporam.
Compreenda que as gotas cairão todos os dias
E só depende de você transformá-las ou não num dilúvio.
Sinta cada orgulho
E cada decepção.
Aproveite todos os porres
Todos os vexames.
Não se permita viver apenas de lembranças
Abrace e evite a saudade
Telefone, pois a tecnologia ironicamente nos aquece.
Beba, fume, malhe, engorde, emagreça
Confidencie, brigue e perdoe
Mas não deixe de dizer: eu gosto de você.
Faça colegas sentindo por eles amizade
Faça amizades sem nunca deixar de sentir o espírito de colega.
Deixe o carro na garagem
Economize no ônibus
Pegue uma bicicleta
E vá andando.
Converse...
Não se comprometa
E saia sem fazer planos.
Não tenha vergonha das flores e nem das cores
Ouça músicas gostosas
E se acabe num show de rock
Não odeie um gato só por convenções
Não chute um cachorro, acredite, ele não vai lhe passar doença
Não se desespere caso coma uma maçã sem lavar
Suba no muro
“Roube” uma manga
Permita-se apertar a campanhia e sair correndo.
Assista porcarias
Coma porcarias.
Sorria um pouco.
Mate aulas
E esqueça os compromissos
Aprecie a arte do “não tô nem aí”
E sinta a excitante preocupação de uma prova final.
Não deixe que as férias afastem de você aquele sorriso lindo
Talvez você não o encontre mais
Talvez nunca mais...
Porque a vida não costuma ser óbvia
A vida não determina um fim
A única determinação da vida é o seu nascimento
A partir daí cada passo não garante o próximo
A incerteza em si é a única garantia do óbvio
Diga à vida que você não sabe o que é viver
E aprenda todos os dias um novo nome
Um novo sorriso
Um novo sentimento
E por fim, não aceite um fim
Chore, mas ofereça um sorriso e deixe a sua marca
E jamais termine. Jamais se acabe...
(Ao colega Álvaro que partiu deixando a lembrança do seu lindo sorriso...)