EXÉRCITO DE TUDO

Era uma vez... Sim, era uma vez, porque esse ainda é o melhor jeito de começar uma história... Era uma vez uma vida meio injusta, um destino meio atrapalhado, e uma felicidade muito sedenta. Os três unidos, sem querer fizeram pessoas, quer dizer, fizeram adolescentes se conhecerem. Cada qual na sua forma, em seu contexto, com seu núcleo e todos os seus sonhos... Depois de um tempo, alguns capítulos confusos e episódios marcantes, esses mesmos três elementos transformaram muita coisa. Alguns se aproximaram ainda mais... Outros nem tanto.

Alguns se perderam em meio a longa estrada, outros nunca se acharam. Sabemos que alguns nunca vão voltar, outros nunca estiveram de verdade... Mas e aí?

O que queremos? O que nós fizemos? O que deixamos pra trás? É assim mesmo quando a gente vive de verdade: não há como prever, não há como apagar, não há muito o que fazer, além de viver.

Mas reza a lenda que quando a gente deseja bem forte e acredita, o mundo dá um jeito, e acontece. E o único presente que ela quis aos 22 foi o especial reunido, o mais sublime, complexo, simples desejo foi unir o importante... E alguém já fez a diferença hoje?

1,2,3... A,B,C... Tudo tem um curso, mas o mais interessante é não ter curso algum. E dali em diante todos os artifícios, segredos, truques e memórias sorriram... Memória, por que temos tanta enquanto não temos nenhuma? Há espaço para as que vão chegar? Quais delas você pretende guardar?

E num passe de mágica, a gente até se assusta quando se vê tão feliz, porque quem não nos conhece, pode até duvidar que magia existe. E a melhor sensação foi saber que os anos passaram, vidas passaram, e nós estávamos ali... Mais gordos, mais lisos, mais magros ... Adultos mais e menos. E vocês consegue sentir o sabor de que pouca coisa mudou lá dentro?

E o que a gente queria era não ter que enfrentar essa selva... Mas calma, fica tão mais fácil quando a gente tem uma mão dessas pra segurar. E se você cresceu, adultesceu, saia daí agora! E descobrimos que crescer, adultescer é saber cuidar da eterna criança que precisa despertar, que as vezes sabe lidar muito melhor com os problemas.

E de riso em riso, vamos completando idades, invejando Steven Spilberg por nossos vídeos fabulosos. Sempre tivemos problemas com horários, afinal quanto é 15 minutos, antes de 15 pras sete?

E seja pela literatura, idiomas, comunicação, educação, informática, leis, teatro, psicologia, ou até mesmo biblioteconomia, nós estamos unidos.

Não importa o quanto roubemos jogando UNO, gritemos fazendo mímica ou conversas paralelas consigamos fazer. A melhor expectativa é não ter expectativa alguma... E quem sabe conversamos na sala de estar até as 5 da manhã, Emily brinque de cavalinhos em minhas costas no final da festa, ou até buline alguém. Quem sabe ainda conseguiremos transpor o luxo de uma caipirinha de vinho em vidro de conserva, e quem sabe também a mana libere o canudinho pra alguém. Quem sabe alguém consiga ser mais cult que Aline, falar mais alto que a Janine, tirar mais fotos de si mesmo do que a Helen, ser mais educado do que o Luis Felipe, mais engraçado do que o Rubens, mais poético que o Dudu, incomodar menos do que o Júnior, ser mais prestativa que a Very ou fazer mais caretas do que eu.

E se o mundo acabar amanhã, eu tenho a certeza de que pessoas mais do que especiais estiveram ao meu lado. Se amanhã fosse o último dia, eu deveria aplaudir de pé, por ter os melhores atores no meu espetáculo da realidade. Se o fim realmente chegar amanhã, eu já posso ter a certeza que recebi os melhores abraços, já me deitei nos mais confortáveis colos, e já contemplei os mais sinceros olhares.

De tudo, eu aprendi que não importa o lugar ou plano. Aprendi que existem algumas misturas que podem gerar resultados imprevisíveis, como: Tequila + Helen + Douglas + praia. Ou então: vinho + lasanha + orégano. Ou Madre Paulina + vontade de fazer pique nique + vontade de explorar o lugar. Ou: Blue Brasil + UNO + Suco de limão + muita empolgação. Que tal: churrasco + domingo + fim de ano + Veridyanna pilotando tudo. Uma de minhas favoritas é: Filmes + festa a fantasia + mal jeito na coluna. Ou ainda: Amigo secreto + Aline + filme pornô.

Mas os melhores resultados mesmo, tem nome, e chamam-se Janine, Rubens e Júnior.

Aniversários, formaturas, festas junina, poucas baladas, lanchonetes, faculdade, trabalho, fotografia... Por que a gente não se transporta àquele tempo e exato momento ao olhar pra alguma delas.

Bem poderia ser uma chave de portal, para a eternidade de nossas felicidades. E com um accio dinheiro, pouca coisa nos impediria. Seria como um alohomora para ainda mais loucuras. E então não haveriam Reginas, ou rainhas más que nos impedissem. E mesmo assim, podemos ultrapassar todos os códigos, o completo vade mecum, fazer todos os brieffings, compreender toda a semiótica, semântica ou sintaxe. Traduzir todo o comportamento humano, ou das crianças. Dominar todos os softwares, hardwares, planejar a pirâmide invertida e talvez até responder o lead de nossas existências porque temos uma preciosa moeda, chamada amizade.

E eu tenho medo de perder, porque tenho a certeza que só tenho a ganhar.

O futuro é duvidoso, e o que será do amanhã? E mesmo que lá na frente isso não seja mais realidade, que as lembranças sejam sim passaportes pra uma boa sensação.

Lá na frente, quando nos cruzarmos nas ruas, ou nos corredores do supermercado, possamos ainda nos debruçar nas brincadeiras, e que as mãos estejam apenas mais velhas, mas com o mesmo movimento da união. Eu quero poder me lembrar dos olhos sem estarem em meio as rugas e reviver sua expressão e voz.

Quero rever nossos vídeos e vibrar como se aquilo fosse um agora nada distante. Quero poder estar em lugares e pisar onde já pulamos com os joelhos cheios de cálcio.

Lá na frente eu vou ter mesmo que explicar muitas coisas. Terei de matar a curiosidade de meus netos em saber quem foi aquela cantora de boca estranha, olhos cerrados e cabelos coloridos, ou aquela atriz com 17 indicações ao Oscar cantando “Mamma mia, Here i go again” e a importância delas pra mim. E então “here i go again”, tentar resumir quem foi Harry Potter e porque isso é tão legal, emprestando a eles meus velhos livros com as aventuras! E não será diferente ao verem aquela fotografia, aqueles jovens sorrindo na imagem que eu ganhei em um aniversário. E aí talvez eu conte esta história, começando com era uma vez. Por que o que que gente responde quando tem muito pra responder?Como é que a gente explica a felicidade?

E hoje o que eu quero é que aconteça o que acontecer, eu admiro, preciso e o impossível quase não existe quando estou com vocês.

Eu quero mexer em papéis e ver aquela anotação pra uma festinha ou homenagem.

Eu quero poder ligar de vez em quando e saber que apesar da distancia e de tudo, continuamos aqui.

Eu quero poder contar com a sorte daqueles 3 elementos que nos uniram.

Eu quero desadultescer todo o segundo que eu precisar, e a receita vai estar com vocês.

Eu quero ainda poder ver os rostos dos adolescentes que eu conheci.

Eu quero torcer durante a luta e comemorar junto a vitória de cada guerreiro.

Eu quero simplesmente, apenas pra sempre, o meu exército... O MEU EXÉRCITO DE TUDO!

Douglas Tedesco
Enviado por Douglas Tedesco em 19/07/2012
Código do texto: T3787404
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