PARA OMAR, AMIGO

No início da madrugada de 28 de outubro de 2012

Omar, amigo de primeira mocidade, há uns três anos me reencontrou em site da Internet. Eu me lembrei, imediatamente, de nós, Omar, de ti, de mim, de meu irmão a assistirmos, juntos, pela enésima vez, a história do Santo de Assis e de Santa Clara. De São Francisco bem-amado, de Santa Clara e da inesquecível trilha sonora do filme.

Tu, um rapaz sério, compenetrado, tímido, já com um tremendo sentimento poético oculto, tu que te tornaste grande poeta, com uma linguagem mágica, ímpar. Um grande poeta, anônimo, espero que por muito pouco tempo.

Lembro-me do quanto sonhávamos, amigo, como toda a nossa geração, aliás, também com outra espécie de futuro para o país e para o mundo.

Tantos anos depois, tentamos até escrever um livro a duas mãos, tu um capítulo, eu o seguinte, mas as marcas na tua vida e na minha vida, as marcas em vidas que seguiram paralelas, marcas fundas, fundíssimas, acabaram por tornar o projeto inviável. Que pena, Omar, meu caro amigo!

Sempre torço por ti e sempre me comovo quando telefonas e me perguntas direto como eu estou. Muitas vezes falo e ficas ouvindo, com uma paciência de Jó. Às vezes, pareço um papagaio a repetir as mesmas histórias de becos-sem-saída e tu a me ouvires, como um bom samaritano. Sei dos teus impasses também, como eu os sei, e sei que não tenho sido lá muito boa amiga. Venho para te agradecer, Omar, por tudo. Venho também para te pedir perdão por este meu presente tempo de egoísmos. Nunca mais serei a pessoa que fui, mas hei de ainda voltar a me parecer algo, que seja, com aquela amiga que conheceste e ser, de novo, a confidente e cúmplice que já te fui. Vou lutar, Omar. Sei que vencerás muitas das tuas dores, também. Não te esqueças da tua poesia e da tua escrita em prosa, mágicas, ambas. Elas te haverão sempre de socorrer. Nossa amizade é coisa boa, amigo. À nossa amizade philia e ágape, Namastê.

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