Raríssimo. (Homenagem a Virginia Pinheiro)

Eu cheguei na casa de alguém, e esta me esperava com ansiedade e alegria.

Eu abri o portão e o alguém em questão foi correndo me receber.

Eu sorri para este alguém, e este alguém sorriu para mim.

Eu abracei a pessoa, e ela também me abraçou.

Eu a beijei, e ela também me beijou.

Entramos em sua casa, sentamos e ficamos a nos contemplar.

Eu a olhava, e ela olhava para mim.

Eu a sentia, e ela me sentia também.

Eu falei algo sem graça, e ela riu.

Ela fez algo que eu odiava, e eu ri para não ter de matá-la.

Eu fui criança na presença de alguém, e este alguém foi criança em minha presença.

Nós rimos juntos. E isso é sempre muito bom.

Eu quis deitar com alguém, e este alguém também quis deitar comigo.

Eu amei alguém, e este alguém também me amou.

Eu deitei com alguém, e este alguém também deitou comigo.

Eu dormi com alguém, e o sonho deste alguém se realizou comigo ao seu lado.

Eu estive com alguém, e este alguém também esteve comigo.

E assim repito: eu amei alguém, e este alguém também me amou.

E melhoro (porque eu sei que ela vai reclamar porque estava no passado): Eu amo este alguém, e este alguém também me ama.

E eu desconheço algo mais raro do que isso.

ESCRITO EM HOMENAGEM A VIRGINUXA PINHEIRUXA!

Fábio Roberto
Enviado por Fábio Roberto em 06/11/2012
Reeditado em 06/11/2012
Código do texto: T3971344
Classificação de conteúdo: seguro