Raríssimo. (Homenagem a Virginia Pinheiro)
Eu cheguei na casa de alguém, e esta me esperava com ansiedade e alegria.
Eu abri o portão e o alguém em questão foi correndo me receber.
Eu sorri para este alguém, e este alguém sorriu para mim.
Eu abracei a pessoa, e ela também me abraçou.
Eu a beijei, e ela também me beijou.
Entramos em sua casa, sentamos e ficamos a nos contemplar.
Eu a olhava, e ela olhava para mim.
Eu a sentia, e ela me sentia também.
Eu falei algo sem graça, e ela riu.
Ela fez algo que eu odiava, e eu ri para não ter de matá-la.
Eu fui criança na presença de alguém, e este alguém foi criança em minha presença.
Nós rimos juntos. E isso é sempre muito bom.
Eu quis deitar com alguém, e este alguém também quis deitar comigo.
Eu amei alguém, e este alguém também me amou.
Eu deitei com alguém, e este alguém também deitou comigo.
Eu dormi com alguém, e o sonho deste alguém se realizou comigo ao seu lado.
Eu estive com alguém, e este alguém também esteve comigo.
E assim repito: eu amei alguém, e este alguém também me amou.
E melhoro (porque eu sei que ela vai reclamar porque estava no passado): Eu amo este alguém, e este alguém também me ama.
E eu desconheço algo mais raro do que isso.
ESCRITO EM HOMENAGEM A VIRGINUXA PINHEIRUXA!