Saudades

Ele não é tão somente uma pessoa. É um personagem. Ou vários. Sujeito incomum, ao qual aplica-se comum chavão "Amado por uns, odiado por outros". Ora deixo de lado, afinal meu velho amigo repudia a mesmice.

Digo sim, um personagem. A vida para ele é um palco, onde a cada minuto ele explora seu belíssimo dom, enviado por Deus. O dom da comunicação, tão acentuado por sua voz marcante, inesquecível. Seja em um recinto fechado de pouca platéia ou em um imenso palco de grande expectativa, tivera sempre o mesmo empenho.

Bem, poucos o sabem que por trás da disfarçada arrogância, como o dizem, o que eu denomino amor-próprio, é que na reclusão de seu lar ou em intimidade com um amigo, o ator tira a máscara, torna-se somente um homem, conta suas fraquezas, seus medos, suas dúvidas. E ama profundamente, seu combustível é a paixão. Entrega-se totalmente, sem nenhuma reserva, sem medo ser de feliz e com medo de ser infeliz. E sofre com a mesquinhez humana.

O mais curioso de tudo,levo-me sempre a pensar oque nos uniu em tão sincera amizade. Não foram anos de profunda intimidade, mas poucos e bons momentos de profundo entendimento. Um precipício de diferenças separava-nos. Creio o meu dom , o da observação, nos aproximou. Sempre o enxerguei além do palco e ele sempre soube disso.

Que fariam seus inimigos se o vissem como o vi? Certamente também apaixonariam-se.

Culpo agora o destino que nos afastou. Não é à toa que escrevo sobre ele. Por onde anda amigo? De certo encantando novas platéias. Nunca devendo ser algo. Ele simplesmente é. Doa a quem doer.