Pequeno Mikhail

O dia de hoje começou ontem. Numa madrugada às 15:00 hrs da tarde.

Uma ligação, uma triste notícia...Meu pequeno se foi.

Em prantos, sem entender muita coisa, aparada pelos colegas de trabalho, e aquela tarde tão comum se tornou vazia...

Na memória, aquela voz suave, aquele rosto tranquilo, aquela alegria perene...

Por outro lado, a dor do "nunca mais" acompanhada da certeza do "até breve".

Tivemos alguns momentos juntos, e em todos eles, aquele pequeno gigante estava feliz. Nunca o vi chorar de dor, nunca o vi murmurar de rancor...Saudades daqueles abraços nos encontros inesperados antes, durante ou após o culto, saudades daquela música iniciada por ele que dizia "eu acredito em Jesus, eu conversei com Ele hoje...", aquela frase ecoava em mim infinitamente, e cada vez que eu a ouvia, eu sofria mais... A dor do fim da sua vida.

Hoje, acordei cedo, cumpri com algumas obrigações do dia-a-dia, e fui vê-lo pela "ultima vez".

Por mais que eu andasse rumo à sala 7, parecia que aquilo tudo não passava de um engano... Eu na verdade, ainda não acredito!

Como pude viver tanto tempo alí tão pertinho e não saber que aquilo já era previsto? Nunca tive noção da gravidade do seu estado de saúde! Como pude ser surpreendida por uma notícia que outros conheciam as previsões?Me senti culpada, displicente, doeu muito...

Mas ao longo das homenagens, percebi que nosso pequeno gigante era tão frágil, mas sempre foi forte o suficiente pra não ficar por aí se lamentando.Então vi que a minha falta de informação, foi por sua FALTA DE LAMENTAÇÃO.

A sala estava bastante cheia, pessoas de vários lugares, várias crenças...Alí, seus irmãos em Cristo, seus pais, seu irmãos, família, vizinhos, amigos...

TODOS diziam sobre várias histórias, e todas elas convergiam p/ o mesmo final. Ele era FORTE!

Nunca murmurou! Nunca murmurou!

E eu me vi alí, tão cheia com MEUS problemas, minhas dúvidas e decepções...E diante de mim, num lugar não desejado por nós, mas necessário p/ que o plano do Criador fosse cumprido, um menino de 17 anos, que poderia ser mensurado numa frase do Apóstolo Paulo que eu admiro muito: "porque pra mim o viver é Cristo e o morrer é ganho" (Filipenses 1:21)

Naquele momento, fui invadida pelas minhas emoções...Eu estava diante de um verdadeiro guerreiro.

Justo eu, que tanto falo em Guerra espiritual, estava sendo absurdamente frouxa em comparação àquele ser iluminado! Quanta ministração em tanto silêncio! Ele nunca se gloriou por sua força! Ele nunca se exibiu por sua fé! Ele FOI adorador por excelência, era um sacrifício vivo!

Ontem, Mikail se foi, hoje, eu renasci!

Como uma fênix, que ressurge das cinzas, erguida não por minha força (nunca) mas pela poderosa mão do Soberano!