UM HOMEM COMO POUCOS

Centenário de Irineu Barbalho de Melo

*30/06/1911 +08/10/1989

Aos meus irmãos e irmãs! Somos todos descendentes de um homem digno! Um homem que viveu a sua época segundo suas próprias crenças, dando-se ao luxo de quase no fim da vida mudar sua forma de conhecer a Deus. Aí mais uma vez demonstrando que não perdera sua capacidade, de dentro de seus parcos conhecimentos, discutir conceitos e aprimorar seus objetivos.

Não foi um homem rico materialmente. Nada deixou de legado financeiro e material para sua imensa prole: 10 filhos e filhas! Nem mesmo foi capaz de proporcionar a cada um deles o ingresso em uma profissão, para assim garantir-lhes o futuro. Foi um derrotado? Não creio. Os vencedores são gravados na história pelos resultados de seus feitos, mesmo que em algum momento tenham conhecido a derrota. A história lhe fará justiça! Em uma época de dificuldades este homem foi nosso porto seguro... Mágoas? Quem não as tem? Se estivéssemos em seu lugar teríamos agido diferente, com a cultura de que dispunha e o conhecimento que lhe faltava? Quantos contemporâneos seus podem exibir uma família coesa e brilhante, em alguns aspectos, como a nossa? Uma família coalhada de líderes dos mais diversos matizes? Uma família de fortes!?

Caçador!... Marcador de quadrilha dos bons... Poeta desconhecido de muitos e admirado por mim. (Creio ter herdado um pouco de sua veia poética...) Com muita história para contar e poucos ouvidos para ouvir...

Foi um lutador, a seu modo. Modo estranho para alguns de nós, é bem verdade... Mas deixou-nos, com certeza uma postura de dignidade e de coerência com seus princípios. O que nos fez, mesmo sem notarmos, os homens e mulheres que somos hoje.

Não aprendemos a valorizar as pequenas vitórias deste homem que estaria completando um século se não houvesse sido convocado para a pátria espiritual. Estamos hoje acostumados a grandes embates e grandes vitórias. Não conseguimos aquilatar seu perfil em sua época... Muitos de nós o consideramos um fraco... Um derrotado... Um homem que não soube aproveitar o trem da história e tornar-se rico... Cada um com seu “karma”.

Seu tempo entre nós foi curto (pelo menos no meu ponto de vista). Quando começava a compreender a grandeza deste poeta e cantador simples, ignorante e feliz (para quem o viu sorrir), forte, corajoso, destemido... O mesmo foi chamado de volta.

Irineu Barbalho de Melo não passou em vão entre nós! Deixou-nos o legado de honra gravado fundo em nosso caráter e uma postura de cidadão ilibado! O que muitos não puderam, nem poderão deixar para os seus, muito embora possam deixar fortunas incalculáveis...

Não poderia deixar passar em branco seu centenário. Afinal quem estará presente para o seu sesquicentenário? Eu aposto que estarei! E espero todos vocês...

Segue algumas das preciosidades compostas pela simplicidade deste poeta auto didata. São peças raras! Juntamente com duas composições minhas que testemunham minha admiração por meu pai.

Fernando Barbalho de Melo (6º filho orgulhoso da árvore de onde vingou).