MEUS QUATORZES ANOS
(Sócrates Di Lima)

Quanta saudade a alma traz
dos tempos de menino,
daquela fase de paz,
de uma felicidade sem fim,
que o tempo devorou dentro de mim.

Da inocência derramada em jardins,
banhados das flores de jasmim,
belas tardes em sombras de goiabeiras,
trepando em galhos de mangueiras,
a beira de riachos que nunca tinham fim.

 Assim os dias se fazia meus,
na inocência de bem viver,
que fazia a alma livre correr,
segurada pelas mãos de Deus.


O riozinho de água turva,
que tinha cheiro tosco,
semi-nu banhava embaixo de chuva,
na liberdade de ser menino de vigor.

E nas peladas das ruas,
sob o sol ardente sem camisa,
só ia pra casa em baixo de luas,
levando bronca do pai, e até uma pisa.

E quando a noite chegava,
no portão de casa vinham às meninas,
e nas brincadeiras a gente dançava,
nas canções do tempo que, ainda, fascina.

Ah! Como eram belos os dias da meninice,
em qualquer estação do ano,
depois da escola a gente fazia molequice,
íamos de bicicleta, um no "selim" e outro no cano.

Descascávamos cana nos dentes e não doía não,
brincávamos de malha, pelada, e queimada,
bugalha, pique esconde, rela, bola de gude e pião,
fazíamos brincadeiras nas enxurradas.

Hoje não se vê mais isso,
as crianças já não têm onde brincar,
vídeo games, internet, é todo compromisso,
quando não se drogam, embriagam, ou vivem a esmolar.

As crianças eram livres feito aves,
e a gente ia feliz da vida,
jogar bola descalço em gol sem traves,
voltávamos pra casa a tardinha escurecida.

Naqueles anos de infância,
a gente amarelava a boca com mangas,
comia amora em abundância,
furtava mexericas e pitangas.

Dava um nó na camisa,
e colocava as frutas nas costas,
voltava nos caminhos, ainda, em brisa,
fugindo dos tiros de sal nos caminhos de volta.

Amores de moleque,
brincávamos com as primas, na beira da lagoa,
andávamos de bicicleta sem breque,
e tudo acabava numa boa.

Brincávamos de luta,
Como Fantomas e Ted Boy Marino,
Era uma doce disputa,
Coisas de menino.

 
Ah! Saudades da minha infância,
de uma feliz adolescência,
dos tempos de felicidade em abundância,
que na distância, os tempos não fazem mais.


MEUS OITO ANOS
Casimiro de Abreu


Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.

Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;

O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino de amor !

Que auroras, que sol, que vida
Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar
O céu bordado de estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !

Oh dias de minha infância,
Oh meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã

Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delicias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha, irmã !

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Pés descalços, braços nus,
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas
Brincava beira do mar!

Rezava as Ave Marias,
Achava o céu sempre lindo
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar !

Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da, minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
 

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 09/02/2013
Reeditado em 09/02/2013
Código do texto: T4130741
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