Lucas

Maringá recebeu o mais novo filho na manhã do dia 15 de junho de 1991 com muita luz! Na pia batismal da Catedral Nossa Senhora da Glória, aquela linda criança recebeu o nome de Lucas. O significado do nome dá as diretrizes na trajetória pessoal, por isto esta criança veio para brilhar, para iluminar a quem dele se aproxime. Sua luz interior logo se fez notar pela inteligência, pelo jeito proativo, e até pelos loiros cabelos.

Recebeu uma ótima formação e a insubstituível educação de berço. Gostava de assistir à televisão e nessa hora o marketing o alcançava, mostrando brinquedos bem coloridos, com um design vibrante e chamativo. Como o orçamento doméstico adiava aquelas compras, Lucas deu tratos à bola e logo lhe surgiu a ideia de como conseguir o dinheiro necessário pelo caminho do trabalho. Montou uma barraquinha no condomínio do prédio onde morava e vendeu jarras e mais jarras de uma gostosa limonada, bem geladinha, feita pela mamãe Sônia. No outro dia, já estava ele orgulhosamente brincando com o famoso boneco homem-aranha de pára-quedas nas costas.

Quando completou seis anos, mudou-se com a família para Tsu/Mie-Ken. Com seu jeito comunicativo, conquistou muitos amigos e aprendeu o japonês com facilidade. Logo arrumou uma maneira de economizar suas mesadas, seus valorizados yenes. Com nove anos já administrava seus brinquedos, comprando novos com o dinheiro apurado na venda dos usados. Certa ocasião, ficou fascinado com o lançamento de vários cartuchos de game. Contou seus yenes. Estavam muito aquém do necessário. Novamente, recorreu à ajuda da mãe que era especialista em quibes. De bicicleta, pelo bairro, tudo vendeu em meia hora de trabalho. Quem comprou apreciou e pediu bis! Lucas correu para a loja e com o cartucho de game voltou feliz a casa.

E assim Lucas foi crescendo, sempre estudioso, praticando esportes, com predileção pelo tênis, ajudando a mãe nos afazeres da casa e, nas horas de folga, saindo com o pai Beto para o lazer: nadar num rio que tem águas transparentes!

Rodeado de amigos, ele se sente bem no Japão. Ele gostava de vir ao Brasil para visitar a bisavó, japonesa de 97 anos, e divertir-se com ela, com seu antigo linguajar japonês e ensinar-lhes palavras novas de seu gostoso nihongo. Hoje Lucas é um dos raros brasileiros que frequentam uma Universidade Japonesa - em Tóquio - e que se formará em Engenharia de Telecomunicações e Tecnologias Avançadas em 2014. Com certeza, terá ótimas oportunidades para realizar seu trabalho no Brasil.

Lucas, desejo, em concordância com a crença japonesa de que tsuru lhe traga muita saúde, alegria, felicidade e um brilhante futuro como o seu nome já preconizou!

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Publicado no Jornal Agora de Divinópolis no dia 24/02/2013

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 23/02/2013
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