volúpia (Florbela Espanca)

No divino impudor da mocidade,

Nesse êxtase pagão que vence a sorte,

Num frémito vibrante de ansiedade,

Dou-te o meu corpo prometido à morte!

A sombra entre a mentira e a verdade...

A nuvem que arrastou o vento norte... ---

Meu corpo!

Trago nele um vinho forte:

Meus beijos de volúpia e de maldade!

Trago dálias vermelhas no regaço...

São os dedos do sol quando te abraço,

Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos

Vão-te envolvendo em círculos dantescos

Felinamente, em voluptuosas danças...

(Florbela Espanca)

Hedi Diniz
Enviado por Hedi Diniz em 19/03/2007
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