A um amigo poeta, André Espínola.

Escritos Desesperados

Entrego-vos em oferenda esses Escritos Desesperados;

Escritos de um tempo sombrio, perigoso,

Que, ainda assim, foi um período embriagante e gostoso,

Confissões de um ser cansado, amargurado,

Que encontra na escrita um ofício prazeroso,

Pois eis os Escritos Desesperados,

Feitos por um coração já há muito desgastado;

Preparem-se, meus caros leitores, para a leitura;

Não sou o único desesperado nessa vastidão do mundo,

Vós também sofreis, todos sofrem, eis tudo;

E aqui apresento-vos o sentimento em toda sua feiúra,

Esse sentimento ardente de tamanha amargura,

Que fixa morada no ser, no coração, bem no fundo;

Pois então fiz este doloroso estudo;

Os estudos dos sentimentos malditos do coração.

Dizei-me, transeunte sorridente e feliz,

Nunca te sentistes sozinho?

Nunca pensastes na morte,

Como se ela fosse uma dádiva da sorte?

Até parece que sempre soubestes qual era teu certo caminho!

Tu nunca sofrestes por demasiado amor?

A tristeza nunca percorreu teu ser com ardor?

Pois não me condeneis ao escrever desesperadamente

Só escrevo o que cada um de nós sente.

André Espínola

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André Espínola é um jovem amigo poeta que escreve pausadamente as angústias, ideais, conquistas e perdas de um “eu-lírico” que tem certeza daquilo que quer e faz por onde até o fim, ou , quem sabe, um novo começo.

Essa voz que exclama no texto transcende qualquer época, pois, do mesmo jeito que Dante, na “Divina Comédia”, precisou do poeta Virgílio para andar por todas as incógnitas da vida (céu, inferno e purgatório); esse “eu”, de “Escritos Desesperados”, clama pelos deuses em muitos dos seus escritos para chegar ao sonhado fim; mas, até chegar ao sonho, fez como a Condor, de Castro Alves, denunciando uma sociedade podre e cheia de hipocrisia.

Além de tudo isso, esse poeta é um fingidor, conforme Fernando Pessoa, pois finge tão bem que não sabemos onde começa o “eu-poético” e onde termina o André. Uma arte singular que mexe com o leitor, fazendo-o, muitas vezes, ser o personagem principal.

Afinal, mediante o Próprio Espínola:

“Dizei-me, transeunte sorridente e feliz,

Nunca te sentistes sozinho?

Nunca pensastes na morte,

Como se ela fosse uma dádiva da sorte?

Até parece que sempre soubestes qual era teu certo caminho!

Tu nunca sofrestes por demasiado amor?

A tristeza nunca percorreu teu ser com ardor?”

Depois disso, qual a melhor ferramenta para deliciar-se, se não uma boa leitura de “Escritos Desesperados”? Garanto que não sairás a mesma pessoa. Experimente, deguste e viva pausadamente cada suspiro e reflexão desse poeta.

Boa Leitura.

Sucesso, André Espínola!

Veridiana Rocha.

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Eis uma parte do que é o jovem poeta André. Uma pessoa singular que faz arte como quem vive. Uma pessoa que, apesar de jovem, é bastante madura e possui uma visão de mundo fantástica.

Esse mês, o escritor publicou seu primeiro livro poético, Escritos Desesperados. O livro é fantástico, desde a capa. Estou muito feliz por ele. Sem essa criatura, eu não estaria aqui no Recanto. André quem me mostrou esse site e, de certa forma, me remotivou a escrever.

Obrigada, lindo e, mais uma vez, sucesso!

Veridiana Rocha.