Agradecimentos ao Prof. Antônio de Oliveira

Caro Prof. Antônio,

Suas palavras me chegaram mais doces e saborosas que os meus favos de mel. Elas foram jorrando com tanta beleza que ao chegar o final fiquei como na postura dos apóstolos na Ascensão: “olhando o Mestre subir para o Céu” .

Mas posso relê-las sempre e delas receber o néctar necessário que me alimentará e me dará estímulo para continuar a produzir os meus favos.

Interessante e curioso foi você alternar a leitura de várias páginas, ora de Maria Lúcia ora de Lúcia Maria.

Meus profundos agradecimentos – hoje e sempre.

Grande abraço.

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por Antônio de Oliveira

Desejo, inicialmente, registrar uma coincidência de caráter memorialista. Quase contemporaneamente ao lançamento, em Divinópolis, de Favos de Mel, Maria Lúcia Mendes lançava Além dos Trilhos em Itaúna, quando, em Pará de Minas, um grupo de colaboradores já havia reunido, num livro, 150 anos de história e estórias. O que, para mim, revela, nessas três cidades, consciência e valorização do passado, passado telúrico, emocional e emocionante de toda a região. Sou do Pará, morei em Divinópolis, casei-me em Itaúna. E fui colega e amigo do Antônio Rodrigues.

Para ser sincero, fiz uma experiência: li várias páginas, alternando, ora de Maria Lúcia ora de Lúcia. Dose dupla, no mesmo diapasão coloquial, praticamente com o mesmo fio condutor. Cada uma com sua identidade e seu estilo. Ora além dos trilhos, além do passado, ora favos de mel. Em ambos os casos, doçura do passado no presente. No seu caso, Lúcia, como registrou o Osvaldo André, na apresentação do livro, "um espelho onde a imagem do presente, magicamente, faz reluzir a imagem e o espírito do tempo passado" nos corações dos divinopolitanos; "um espelho onde a cidade e os cidadãos podem se reencontrar" na moldura do passado. E o melhor, como que sorvendo favos de mel...

Favos de Mel tem, naturalmente, um tom nostálgico, como que se soltando e saltando de um baú de lembranças. Lembranças vividas e vívidas, gravadas em letras de forma. Pedaços de vidas. Lembranças que nem doença encruada de uma realidade que não voltará jamais; jamais se repetirá. Pois, repetindo Cyro dos Anjos, as coisas não estão no espaço; as coisas estão é no tempo... e o tempo está é dentro de nós, na duração do nosso espírito.

Tom nostálgico, sim, mas sem embebedar. Pois que Lúcia "sorve o passado como um licor, sem se embebedar de nostalgia". Ou como quem sorve favos de mel das próprias lembranças de quem era feliz e sabia, e continua, pois que "vive emocionada o tempo presente". Não importa que o fogão a lenha ainda dê "água na boca e saudade no coração." É tudo, ou quase tudo, uma questão de contexto de época. E, considerando-se que a história está cada dia mais acelerada, uma pessoa na nossa idade já testemunhou vários saltos de cachoeira, e vários assaltos também, ou enormes picos cortados a pique pelo avanço tecnológico, apenas perceptíveis aos adultos. O jovem hoje, de dedo saltitante num aparelhinho eletrônico, tem cada vez menos passado. Ele vive o presente. E isso lhe basta, embora competitivamente. No entanto, Favos de Mel é um registro de fatos e gestos simples, autênticos, transparentes, gesta demonstrando que a felicidade não depende propriamente de subir na vida, mas de sentir a vida nos seus pequenos caprichos. E é de ver o capricho com que Lúcia capricha nos detalhes tão bem lembrados.

Lúcia, como todo o mundo, tem a sua saga, mas com uma diferença: Lúcia registra detalhes tão pequenos e grandes ao mesmo tempo, uma história que talvez desse para escrever não um único livro, mas vários favos de mel...

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 29/05/2013
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