ZÉ CUPIDO

De repente, uma notícia triste nos calou profundo.
O nosso sanfoneiro acabara de dar seu último suspiro.
Silenciou o som da sanfona.
O povo, como que hipnotizado, também silenciou.
Tudo ao redor emudeceu...
Pessoas, pássaros, veículos... nenhum som.
Até o vento sobre as árvores estacionou.

Parecia um eterno minuto de silêncio!

O sanfoneiro:
Que tantos momentos felizes proporcionou;
Que tantos corações embalou;
Que tantos sonhos acalentou... subiu.
Foi chamado pelo Pai Maior,
Alçado ao Reino de Deus,
Cujo caminho todos trilharemos.

Zé Cupido, você nos deixou momentaneamente,
Partiu antes, adiantou sua viagem.
Deixou órfã sua fiel sanfona,
Sua derradeira companheira.

Ficamos sem sua música, belo relicário.
Agora, nossos dias serão mais longos e solitários.
Admiramos seu exemplo de humildade.
Privado da luz dos olhos, aos sete anos de idade,
Tinha um brilho intenso na alma e no coração.
Eras querido por todos com distinção.

No Clube da Saudade, quantas Noites de Serestas,
Enriquecias com os acordes mágicos de sua inseparável companheira.
Quando você tocava, parecia que conversava com ela.
Sua melodia era uma linda história de Amor!
AH! Se eu pudesse... te ouviria a noite inteira!

Que seria da nossa sanfona sem um Teixeirinha, um Luiz Gonzaga,
Um Dominguinhos, um Zé Béttio, um Mangabinha... um Zé Cupido.
Como seria pobre a nossa Música Brasileira!

Vai com Deus, Zé Cupido!
Breve nos veremos,
Breve ouviremos sua harmoniosa sanfona.