Amores do pai

Era quinta-feira. Retornava de Pau dos Ferros. Passando por Alto Santo, às 16 horas recebo a ligação de Letícia:

- Pai, você não vem pra Fortaleza? Amanhã, às 7h10, será a apresentação no colégio, em homenagem aos pais! Só vou se você for! Era a senha de Letícia!

Após pegar meu surrado Corsinha na Cidade Alta, em Limoeiro do Norte, e fazer o pagamento do conserto em Tabuleiro do Norte, resolvo dormir em Limoeiro. São 19h30. Minha irmã Gina me esperava em Morada Nova praquele vinho branco (eu teria que comprá-lo, antes) e gostosa salada (como só ela sabe fazer).

Lembrei-me de um detalhe: havia esquecido os documentos do Corsa em Fortaleza. Passar pela barreira da polícia rodoviária estadual na Ingarana, entre Limoeiro e Morada Nova, era perigo de multa (de novo, como em julho)!

Perdão, Gina, primeiro as coisas de pai! Dormi (quase) na Pousada Bezerra. Quase, porque todas as quintas tem arrasta-pé atrás da pousada. Bem, só havia quarto disponível naquela pousada.

Acordei às 3h da madruga. Às 3h20 já estava na estrada, com destino a Fortaleza, pra assistir à tão esperada apresentação das crianças do Colégio Nossa Senhora das Graças.

Cheguei a Fortaleza às 6h. Tomei um belo banho e um café (digo) cereais com iogurte desnatado, mel e frutas.

E então, direto pra festa dos pais!

As crianças do infantil todas de pijama. Seus pais (e mães, em alguns casos) sentados ao chão, como se quisessem abraçar seus filhos.

Os pais das crianças do fundamental, inclusive eu, sentados nas arquibancadas.

As crianças do fundamental todas sentadas na arquibancada menor. Trezentas ou quatrocentas, sei lá, formavam um gigantesco coral de vozes infantis.

Depois de algumas apresentações (jazz e orquestra sinfônica da escola) inicia uma linda música de Nando Reis, De janeiro a janeiro, cantada e encenada pelo mais belo coral de crianças que já vi e ouvi. A letra:

Não consigo olhar no fundo dos seus olhos

E enxergar as coisas que me deixam no ar, me deixam no ar

As várias fases, estações que me levam com o vento

E o pensamento bem devagar

Outra vez, eu tive que fugir

Eu tive que correr, pra não me entregar

As loucuras que me levam até você

Me fazem esquecer, que eu não posso chorar

Olhe bem no fundo dos meus olhos

E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar

O universo conspira a nosso favor

A consequência do destino é o amor, pra sempre vou te amar

Mas talvez, você não entenda

Essa coisa de fazer o mundo acreditar

Que meu amor, não será passageiro

Te amarei de janeiro a janeiro

Até o mundo acabar

No coral de vozes infantis, minhas filhas Letícia (10) e Liana (fez 7 no sábado).

Então, já viu, né!? Lágrimas de pai babão, chorão. Muitas... um riacho vertendo as primeiras águas do inverno. Lágrimas e lágrimas!!!

E o velho coração de aço derrete-se em manteiga... mais uma vez!! Como só elas conseguem...

No sábado à tarde, um passeio com Liana no Shopping Via Sul. À noite, TV e lap-top com joguinhos infantis.

No domingo, café da manhã com Liana na Padaria Romana e presentes de Letícia, caneca do superpai, chaveiro com o rostinho delas e uma linda carta de amor cheia de coraçõezinhos vermelhos:

Meu pai, te amo

Meu pai adora brincar comigo, gosta de jogar futebol, vôlei, cantar e fazer cordéis. É sorridente e engraçado. Quando vamos ao shopping, ele compra tudo o que eu quero. Bem, quase tudo. Enfim, esse é o meu pai e eu amo muito ele.

Feliz dia dos pais!!!

Obrigado, filhas, eu amo vocês de janeiro a janeiro, até debaixo de água!

- Tão vendo, todos nós temos uma missão!

O paraíso é aqui!