Tudo em ti era uma ausência que se demorava:
Uma despedida pronta a cumprir-se.

(Cecília Meireles)




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NA PRIMEIRA MANHÃ

 
Na primeira manhã que te perdi
Acordei mais cansado que sozinho
Como um conde falando aos passarinhos
Como uma bumba-meu-boi sem capitão
E gemi como geme o arvoredo
Como a brisa descendo das colinas
Como quem perde o prumo e desatina
Como um boi no meio da multidão



Na segunda manhã que te perdi
Era tarde demais pra ser sozinho
Cruzei ruas, estradas e caminhos
Como um carro correndo em contramão
Pelo canto da boca num sussurro
Fiz um canto demente, absurdo
O lamento noturno dos viúvos
Como um gato gemendo no porão
Solidão.

 
Alceu Valença
Enviado por BETH LUCCHESI em 20/09/2013
Código do texto: T4489928
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