28 de abril de 2007 - 80 anos do Raid Jahu

Na manhã de 28 de abril de 1927 às 5h30, o "Jahu" levanta vôo no Porto Praia no Cabo Verde. depois de doze horas de vôo, no entardecer do mesmo dia, o "Jahu " aporta em Fernando de Noronha, tendo como comandante e piloto, o jauense João Ribeiro de Barros foi o primeiro comandante das Américas a completar a façanha de atravessar o Atlântico,

Durante o percurso, o hidroavião fez diversas paradas para manutenção como, por exemplo, no Golfo de Valência e Gibraltar e Porto Praia, na África, de onde o Jahú finalmente levantou vôo rumo a terras brasileiras. Na madrugada de 28 de abril de 1927, voando a uma velocidade de 190km/h (recorde absoluto para a época), o Jahú permaneceu durante 12 horas no ar e, ao entardecer, mesmo com problemas em uma das hélices, pousou vitorioso próximo a Fernando de Noronha. A equipe teve ainda disposição para pilotar até Natal e Recife e, enfim, Rio de Janeiro e São Paulo, terminando a viagem na represa de Santo Amaro, no dia 2 de agosto de 1927.

João Ribeiro de Barros foi o primeiro comandante das Américas a completar esta façanha. Muitos ainda atribuem, equivocadamente, a honraria a Charles Lindbergh, que, na verdade, realizou um vôo solitário pelo Atlântico Norte em 20 de maio de 1927, 23 dias após o final da saga do Jahú.

Asas do Jahu - O grande vôo para a eternidade

= integra do texto: http://www.recantodasletras.com.br/resenhas/48596

Parece inacreditável que um aparelho como o hidroavião Jahu, de 4 toneladas, com aerodinâmica parecendo um muro indo de encontro ao vento, conseguisse atravessar o Oceano Atlântico com o auxílio apenas do velocímetro, a bússola e um sextante.

Com o rugido ensurdecedor de 1.100 HPs (550 em cada motor) de potência a plena rotação, cuspindo fogo pelas 24 trompas de escape e tal qual um monstro enfurecido, sem nenhuma tecnologia, parte o Jahu com o nariz da aeronave ajustado rumo ao Brasil. No entanto, não é simplesmente marcar uma proa e seguir em frente, pois há um fenômeno chamado declinação magnética, que consiste na diferença entre o norte verdadeiro (aquele localizado no Polo Norte) e o norte magnético, que é para onde as bússolas apontam. Então, à medida em que se voa para o oeste, o norte magnético vai deslocando-se

para a direita (isto considerando um vôo transatlântico no sentido Europa - América), sendo necessário realizar constantes correções na proa. Estimando-se a velocidade, a direção do vento e fazendo os cálculos corretos, é possível (mas muito pouco aconselhável) cruzar uma região inóspita (como um oceano ou um deserto), apenas com velocímetro e a bússola. À noite seria possível estimar sua posição com o uso do sextante, um instrumento utilizado para a navegação marítima que utiliza as estrelas para determinar sua posição na Terra. Por outro lado, o piloto correria o risco de sofrer desorientação espacial séria, além de não poder calcular a velocidade do vento (a tripulação observavam as ondas para saber direção e velocidade do vento).

Mais tarde surgiram os equipamentos de navegação inercial, que permitia uma maior precisão e segurança nas travessias. Estes sistemas ainda são utilizados hoje, em conjunto com o GPS, que vem substituindo todos os outros equipamentos de navegação.

___ Trazendo o manche em direção ao peito, Ribeiro de Barros grita aos companheiros: apaguem todas as luzes de bordo. Eu quero ver o Cruzeiro do Sul, mesmo que seja pela última vez.

Tempestade... ventos fortes sacodem o "JAHÚ".

A água gelada arremessada pelas hélices penetram a carlinga aberta, escorre em abundância pela blusa de couro, encharcando o macacão e botas do comandante Barros e se deposita no assoalho da cabina de comando. Um forte estampido, seguido de um abalo na aeronave, põe em alerta a tripulação. O "JAHÚ" que demonstrara tanto vigor até aquele instante, começaa acusar sinais de cansaço. A hélice traseira sofrera uma avaria. Barros pede calma aos companheiros, enquanto reduz para 500 RPM o motor traseiro vagarosamente, testando a resposta do avião. Ato contínuo arremete para 1.500... 1.600... 1.700 as rotações do motor dianteiro. O avião encontra-se no limite da sustentação aerodinâmica, mas, o altímetro continua estável: 250 m de altura. A altitude média dessa histórica viagem foi de 300 metros, numa velocidade de 190 K/h - recorde absoluto por dez anos consecutivos. O navegador que estava debruçado sobre a carta geográfica, mal podendo manipular régua e compasso, levanta o braço direito com o punho cerrado, esmurrando o espaço - num gesto ritual de vitória - e grita: atravessamos o Equador... Em seguida passa ao Barros, através do Negrão, um bilhete com as letras trêmulas - LAT 2 º. S. Barros esboça um sorriso e anota no verso: "450 litros" e devolve ao Braga.

O "JAHÚ" faz um pouso triunfal em águas brasileiras, na enseada Norte da ilha Fernando de Noronha.

Nos tanques, restavam ainda 250 litros de combustível, como atestou o comandante Nisbet, no navio Ângelo Toso, de bandeira italiana, que presenciou à distância a amerissagem.

Foi a conquista da RAÇA BRASILEIRA nos domínios do espaço, sendo esse feito reconhecido mundialmente na época e o aviador brasileiro recebeu condecorações, honrarias, diplomas e prêmios de inúmeros governos estrangeiros.

Quarenta e dois anos depois da travessia do Atlântico sem escalas pelo Jahu, o avanço tecnológico leva o astronauta americano Neil Armstrong a entrar para a história como o primeiro homem a pisar na Lua e avistar a Terra de lá, a bordo da nave Apolo XI.