Araci – Bahia- Terra - Fascinante

Estou eu aqui no meu recanto da lua, lugar que escolhi para envelhecer, bairro da bombinha, sossegado e tranqüilo por enquanto... Um lugar simples e acolhedor. Estou eu aqui, fazendo o que mais gosto: escrever, de vez em quando vem um pensamento sombrio, vou lembrando-me de cada pessoa do lugar que já se foram. Um assobio forte e tridente do vento vem com grãos de areia e poeira vermelha, bate forte no ar. A terra é ressequida e carente de chuva. À tarde aqui e bela, serena e suave vai aos pouco desmaiando, um pôr - do -sol mansinho uma brisa suave sopra para mim e vem num murmúrio de uma prece ao crepúsculo... A lua cheia vem com seu brilho ofuscante nasce bem pertinho da minha varanda e adentra no meu quarto vai penetrando por entre os arvoredos como por uma magia embelezando os pés de laranjeiras, eucaliptos, pinheirais e roseiras, vão exalando os mais íntimos dos perfumes, e dormem numa contemplação infinita com o coaxar dos sapos, o rilharem dos grilos, e o piar das corujas que ficam sentadas no alto de um mourão. Milhares de estrelas cochiham umas com as outras. De vez em quando ouço o ermo de vozes vindo da cidade, vêm os sonhos. O toque das harpas, e o som dos atabaques, soam aos meus ouvidos suaves e doces como os sons de uma lira, saudando a noite, de eternas melodias, e meus sonhos se esvaíram. Silenciosa esta minha alma, onde os segredos mais íntimos me desfalecem numa fé em mim profunda, como se ficassem mágoas de um tempo padecido. A noite se vai, e acidade mãe desperta com os raios solares dourando o horizonte numa suave brisa vindo do Quererá, com um enorme fragor, vem trazendo com ela, a beleza do dia! È bom despertar e sentir a aroma embriagante das manhãs! Num lindo amanhecer. Aqui no bairro da bombinha,canto da lua .O sol vai vagarosamente aparecendo. Manhãs de verão, dá vontade de ficar na cama. Preguiçosamente vou me espreguiçando, de repente: Ouço o barulhinho que vem de lá de fora. È o jardineiro, molhando e podando as plantas acompanhadas por uma bela orquestra, o canto dos pássaros. O bem-te-vi, Bem-te-vi! Jesus, deus-deus!O sabiá e a juriti, os pardais... Ouço o delicioso couro das andorinhas, beberiscando as flores do pé de maracujá. E o sábia, fez um ninho bem no pé de mandacaru, com um lindo cântico que soa como uma melancolia. As árvores se entrelaçam umas com as outras fazendo uma deliciosa abóbada. A umburana, as mangueiras, umbuzeiros, e todos outros tipos de árvores frondosas de frutos, além de uma variedade de lindas roseiras. Bem no meu quarto, fica uma enorme varanda que, dá para o jardim onde os galhos das plantas adentram nela. A porta entreaberta posso observar o encanto da paisagem. . Contemplando! Mergulhada e escutando vozes da brisa que, entra pelas frestas das janelas. O sol vai entrando com um lindo dourado! O tempo parece que tinha parado, eu queria congelar ele naquele momento. Em plena maturidade sinto em mim a mesma menina de antes, que ficava assustada com os trovões. Há plantas, que já crescem bonitas e viçosas outras dão mais trabalho, e você tem que ter bastante cuidado. Todo trabalho exige paciência e tolerância. Meu sorriso desabrocha com o som orquestrado dos pássaros. Naquele momento: vem da cozinha, o cheiro forte do café torrado. Enquanto, ainda adormecida na maceis dos lençóis de linho, feitos e bordados em almofadas de bilro feitos pela minha avó materna, e guardados com todo cuidado. Era um tradição na família,as mais velhas ensinarem as mais novas a fazerem a renda. O cheiro aromatizante do café vai invadindo meu quarto. com á aroma perfumosa do alecrim, do manjericão e da alfazema que vai envolvendo toda a casa nos mais belos e íntimos dos perfumes, escapando uma aroma sutil. Sinto um ar de felicidade,onde o sol espalha um brilho dourado. Naquele momento:Sinto uma imensa nostalgia, o pensamento volta para alguns anos atrás,uma saudade imensa de mãe Elvira, dizendo-me: Vixe Maria! Levanta menina!Ainda na cama, está parecendo uma arma penada, ocê parece que esta de quebranto, deixa eu te benzer. Moça bonita, as pessoas botam oiado. Lembro-me como se fosse hoje, ela subindo as escadas vagarosamente para chegar até o meu quarto, que ficava na parte de cima da casa, exatamente como hoje, com uns galinhos de arruda na mão dizendo: Deste mal eu te curo. Aquela doce pureza e uma mansidão, vem uma enorme paz, uma combinação perfeita, enquanto ainda adormecida nas maceis dos lençóis vem um silêncio! Minha casa é como um jardim, onde gosto de cultivar todas as plantas e todos os animais livres. Posso sentir ver e tocar livremente, andar e me esparramar na grama, e apreciar o cochichar das árvores. E quero te agradecer cidade mãe. Mãe do dia!Adorável cidade!Meu paraíso, meu repouso, terra dos meus filhos... Que a tua beleza cada vez mais resplandeça.

mariarayalvessilva
Rayalvessilva
Enviado por Rayalvessilva em 07/02/2014
Reeditado em 07/04/2018
Código do texto: T4681373
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.