A MULHER É UM MIMO, É UM PRESENTE QUE O MUNDO GANHOU DO DEUS DA VIDA

Quantos mestres, doutores, menestréis

Filosofam, declinam sobre as cores

Desse ser que encanta os cantadores

Faz tremer do jagunço aos coronéis

Adornada com brincos e anéis

Travestida de deusa ou despida

No jardim é a flor mais colorida

Nunca vi mais cheirosa ou reluzente

A mulher é um mimo, é um presente

Que o mundo ganhou do Deus da vida.

Não há choro que dure com seu beijo

Não a dor que não cure com seu riso

Não há justo que não perca o juízo

Quando ela lhe permite o desejo

Esse anjo malvado e benfazejo

Quando parte a saudade é mais sentida

Quando volta a paisagem engravida

De poesia, de luz e de repente

A mulher é um mimo, é um presente

Que o mundo ganhou do Deus da vida.

É a mãe da beleza e da razão

É irmã da natura e dos amores

É a luz que dá luz aos contadores

De histórias inscritas na sua mão

É de Deus a mais bela criação

É o colo, é o seio, é a guarida

É a força que veio na medida

Pra acabar com a tristeza inclemente

A mulher é um mimo, é um presente

Que o mundo ganhou do Deus da vida.

O céu só é azul por seus pincéis

Se o sol tem calor foi dela a chama

Como é dela esse olor que nos inflama

A tecer reinos, guerras e cordéis

Muitas vezes seus beijos são cruéis

Nos tirando o sentido da corrida

Mas com ela é mais leve a nossa lida

Só há vida porque ela consente

A mulher é um mimo, é um presente

Que o mundo ganhou do Deus da vida.

A mulher é a nascente da poesia

Traz a paz, traz a guerra quando quer

Se não fosse assim não era mulher

Pelo menos é minha teoria

Ela causa, ela cura a agonia

Quando faz e desfaz a despedida

É a mais cara e a mais doce bebida

Que embriaga o medroso e o valente

A mulher é um mimo, é um presente

Que o mundo ganhou do Deus da vida.