POEMA QUE FAÇO ENQUANTO ME ILUDO
PARA KLEBER SANTIAGO
A sensação do amor recém nascido,
veio à noite e moveu-se breve,
bebeu a lua em neve.
de súbito, pousou mais leve
e floriu no verso amanhecido.
Na inspiração que o tempo prolonga
dentro da canção oblonga,
veio o canto sem nexo na ante-sala,
feito o ritmo que se alonga,
no verso eclodido na fala.
Veio como verve acumulada,
como um remédio composto,
pronto de seu posto:
sensação de mosto,
de repente faz-se descomplicada,
com uma surpresa no sinal do rosto,
e uma maravilha quase parada.
Veio por fim na soma de tudo,
para revelar o que estava mudo,
para sondar o que estava inquieto
e tudo fica estreito, no peito agudo,
veio como se exaltasse o afeto
no poema que faço enquanto me iludo.