POEMA QUE FAÇO ENQUANTO ME ILUDO

PARA KLEBER SANTIAGO

A sensação do amor recém nascido,

veio à noite e moveu-se breve,

bebeu a lua em neve.

de súbito, pousou mais leve

e floriu no verso amanhecido.

Na inspiração que o tempo prolonga

dentro da canção oblonga,

veio o canto sem nexo na ante-sala,

feito o ritmo que se alonga,

no verso eclodido na fala.

Veio como verve acumulada,

como um remédio composto,

pronto de seu posto:

sensação de mosto,

de repente faz-se descomplicada,

com uma surpresa no sinal do rosto,

e uma maravilha quase parada.

Veio por fim na soma de tudo,

para revelar o que estava mudo,

para sondar o que estava inquieto

e tudo fica estreito, no peito agudo,

veio como se exaltasse o afeto

no poema que faço enquanto me iludo.

Delmo Biuford
Enviado por Delmo Biuford em 17/05/2007
Reeditado em 05/05/2010
Código do texto: T491051