UM DIA NOS VEREMOS NA VIDA ETERNA

25/09/2014

Hoje foi para junto de Deus mais uma alma bondosa e dedicada a Ele. MANOELITA VALLE, minha prima querida, amiga e comadre, partiu para os braços do Pai, com a mesma fé que sempre a moveu, e deixou em nós uma saudade imensa.

Em um dia de dezembro de 1971 cheguei a Belo Horizonte, onde pela primeira vez vi o meu primo Paulo César Valle, da família da minha mãe, e irmão da Manoelita. O Paulo, avisado por telefone da minha vinda a BH, apanhou-me na rodoviária, e me hospedou por alguns dias em sua casa. Seus filhos, Miguel, Ane e Rafael, ainda pequeninos foram a minha alegria durante aquele tempo. Principalmente o Rafael, que não se desgrudava do meu colo, e era o caçula da família. A Ane estava sempre próxima também, querendo brincar, mostrando suas bonecas, e foram dias muito bons, até que eu precisei arrumar um cantinho para mim, e começar minha faculdade.

Durante todo o tempo a Manoelita se preocupou em estar sempre presente. Ela tinha um espírito cristão muito forte, tanto que dedicou sua vida a Deus, à sua mãe, à família e ao próximo. Estava sempre preocupada em dar assistência a alguém. Esteve ao meu lado no período dos meus estudos, da minha formatura, do meu casamento, do nascimento das minhas filhas, e acabou sendo convidada para madrinha da minha filha Adriane, a quem ela amava muito.

Todas as vezes que meus pais vinham a Belo Horizonte, ela ficava horas conversando com eles, em um bate papo longo, lembrando momentos da infância dela junto com minha mãe, e histórias da família.

Passaram-se anos, e um dia ela manifestou Alzheymer. A primeira vez foi quando esqueceu a chave na porta do apartamento, e foi à minha casa. Quando voltou, pensou que a havia deixado cair, e fez todo o caminho de volta procurando. Pediu a um vizinho que abrisse o portão, e a chave estava na porta da sala.

Na outra vez, ela vinha à minha casa, mas quando chegou perto, não se lembrava onde a Neuzinha morava. Perguntou a alguns passantes, e no armazém da esquina, eles me ligaram dizendo que ela estava lá perdida, sem saber como chegar.

Aos poucos seu cérebro foi se apagando. Permaneceu dez anos em uma clínica para pessoas com Alzheymer, tendo a assistência dos seus sobrinhos, que ela ajudou a criar, e que a amavam demais. Nunca a deixaram sozinha! Ela foi a segunda mãe de todos eles.

Nos últimos meses começou a ter problemas de insuficiência renal, o primeiro sinal do fim próximo. Permaneceu no hospital por 15 dias, voltou para a clínica e depois de 15 dias foi para o hospital novamente onde morreu hoje.

Parece que este internamento foi a preparação da nossa cabeça para o adeus. Este tempo internada, sem se lembrar de mais ninguém, vivendo apenas porque Deus ainda queria mantê-la viva, e porque tinha saúde, fez com que ficássemos na expectativa de que sua vida, dali para a frente, estava por um fio. Nunca teve uma doença sequer.

Todos nós tivemos um momento de emoção forte, quando o caixão baixou na sepultura, e naquela hora tudo veio à nossa cabeça. As brincadeiras, seu jeito sistemático e amigo de ser, sua fé, que ela sempre ensinava, seu amor ao próximo, sua preocupação em ajudar a criar os sobrinhos e vê-los adultos, o nascimento das suas sobrinhas netas, e o muito amor que ela deixou com sua forma de viver e de se apresentar na nossa vida.

Hoje ela está lá no céu, se encontrando com seu amado irmão, com sua mãe, seu pai, suas irmãs, com meus pais, e com todos os amigos que já haviam partido.

Agora você realmente estará nos braços de Deus, Manoelita, como sempre dizia. Sua vida sempre dedicada à oração, às obras sociais, e à caridade, agora darão frutos no céu, junto a Jesus e Maria, a cujo batismo e intensa fé, foi fiel até o fim.

Neste momento suas dores acabaram. A finitude da vida deu lugar à eternidade, e finalmente, depois de 87 anos você não sente mais a saudade dos que eram seus parentes, seus amigos, mas a quem você não reconhecia mais. Vai com Deus, prima, e guarde um cantinho para todos nós, seus queridos, junto de você. Nossa saudade permanecerá. Você não será esquecida, prima querida. Um dia nos encontraremos.

O imenso amor de Jesus, em João, 15.13. - "Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta".

Neuza Maria Spínola

Neuza Maria Spínola
Enviado por Neuza Maria Spínola em 26/09/2014
Reeditado em 26/09/2014
Código do texto: T4977202
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