À MEMÓRIA DE UM SAUDOSO PRESIDENTE - 25 de abril de 1985.

À MEMÓRIA DE UM SAUDOSO PRESIDENTE...

A nós, teus irmãos brasileiros, que não tivemos o privilégio de tantos, de conhecer-te pessoalmente, e que tardiamente soubemos da tua tão gloriosa existência, resta-nos: lamentar a tua brusca partida e o conforto da tua lembrança em cada um de nós, feito em forma de Esperanças. Agora não estás mais conosco fisicamente, mas, antes da tua partida lançastes sobre nós as tuas sementes.

Torno a dizer-te, querido Presidente: tardiamente te conhecemos, mas ainda nos deste tempo. Um tempo suficiente para sabermos querer seguir os teus exemplos de nobreza de caráter, de fé, de humildade e acima de tudo, de submissão da vida aos desígnios de Deus.

Aprendemos a te amar de tal maneira, mesmo conhecendo-te pouco, neste curto espaço de tempo, que, mesmo só podendo ver e ouvir-te nas tuas poucas entrevistas nos meios de comunicação, ou nas limitações de um vídeo, fora como se tu estivesses estado conosco e muito próximo, numa vida inteira!...

Nós, teus queridos irmãos, nascidos neste mesmo berço de Mãe Gentil em que tu nasceste, fomos embalados pelas mesmas canções de Liberdade que tu ouvistes! Hoje, essa Mãe Gentil – A Terra Brasileira que um dia te viu nascer, crescer e crescer firme, ereto, como crescem as palmeiras em direção ao Criador do Universo, relembra o quanto por ti derramou, lágrimas mistas de amor, pesar e dor no triste momento em que recebeu o teu corpo, para embalá-lo no sono eterno.

Uma semente boa, tu fostes, germinada em terra fértil. Nela tornastes tão formoso, que, entre a terra e o céu, o céu deste imenso Brasil, todo o espaço onde fincastes as tuas raízes, os teus galhos cresceram em todas as direções, mostrando a todos indistintamente, que não existe limites para o crescimento e a grandeza do homem, que busca a perfeição no sentido de Deus.

Quando o teu corpo baixou à uma triste e fria sepultura, a tua – a Nossa Pátria por ti lamentou e chorou, querido PRESIDENTE TANCREDO DE ALMEIDA NEVES! Sabemos que o teu corpo desceu à tumba coberto de flores, das que em vida tu as plantastes, e de honras pelas quais também fostes em vida merecedor, mas não as recebestes... Todas!

A emoção ainda nos domina! E a saudade nos faz recordar tantas coisas... Há um pensamento que diz: “Um homem forte, nunca se deixa abater pelos sofrimentos a ele impostos”.

Assim como a árvore não cai com o primeiro golpe, mas, só depois de muitas machadadas, e muito trabalho, a exemplo dela, fostes em vida forte, dinâmico e imbatível pelo sofrimento. Tinhas muitas raízes e as tuas ramas se estenderam de norte a sul deste país.

Recordamos os teus últimos momentos... Como o teu corpo físico foi resistente aos sofrimentos! Uma, duas, três machadadas para abater uma grande árvore. Uma, duas,... Sete operações para ceifar-te a Vida! Chamaram-te: “HOMEM DE FERRO”, “HOMEM FORTE”,

surpreendendo a todos com a tua resistência. Mas, a enfermidade fora mais forte do que o que te restara de forças...

Agora tudo está consumado! Porém, conosco ficou o teu exemplo. As sementes que em vida lançastes entre nós, com a tua morte, há de nos erguer. Unificar num só povo, numa só Nação, que a mercê de exemplos como os teus e de tantos outros, farão de Nossa terra, uma terra sempre abençoada por Deus.

Rendemos-te, saudosos nossa singela homenagem de gratidão, com os corações quebrantados pela dor da tua partida, e firmados na Esperança, que em cada um de nós haverá de nascer um só desejo: o de sermos tão bons brasileiros como tu fostes, e termos forças suficientes para querermos um futuro melhor, uma Nação liberta de qualquer jugo, sem contudo DISPERSARMOS, conforme era o teu querer!

“Honra a Pátria no passado: sobre o túmulo dos heróis; glorifica-a no presente: com a virtude e o trabalho; impulsione-a para o futuro: com a dedicação que é a força da fé”. (Coelho Neto)

(Homenagem ao Presidente Tancredo de Almeida Neves no dia do seu falecimento).

Magé, 25 de abril de 1985.

IRAÍ VERDAN