Tenente Coronel Valdir de Amorim Dâmaso: Missão Cumprida.

Falar do meu avó, é, sem dúvidas algo que me enche de orgulho e também de muita saudade. Ele não foi um avô “qualquer”, um avô comum. Foi um anjo com os netos, com a família... Sempre amoroso e cheio de bondade, tão cheio de bondade, que transmitia sua calmaria para quem perto estivesse, caía o mundo, mas ele não. Construiu tudo com suas mãos. Ainda me lembro quando criança, o vi trabalhar tirando uns matinhos para ajeitar o seu “castelo” em baixo da chuva, e ele estava nem aí. Quando começou estava em baixo do sol. Logo que vi essa cena, pequeninha, corri para cobri-lo com o guarda-chuva. Ao cobri-lo, ele soltou a melhor gargalhada dele, aquela que pra os familiares, é impossível de esquecer e falou tranquilamente “Indiazinha entre, não precisa cobrir o vovô, você vai se molhar, você nem me alcança.” Então abaixou-se e fez tudo com as mãos, só para que eu pudesse cobri-lo. E ele era assim, tão sereno e generoso que transformava tudo em calma. Eu adorava observa-lo fazendo as coisas que ele tanto gostava, adorava o cheiro dos seus gibis e revistas quando ele pegava e guardava e vez ou outra permitia eu desfrutar de um deles. Aquela era minha alegria, pois os seus gibis eram sagrados. E quando um dos netos (ou todos de uma vez) queria chocolate que a vó guardava? Ou ele dava dicas do esconderijo, ou tirava do dele secretamente e dava. Ahh quanta felicidade era aquele momento. Meu avô, como o senhor disse “o que você pede, que eu não faço? O que quiser eu vou te dar”. E deu vô, salvou a minha vida, cuidou de mim no momento mais difícil em minha vida, fez tudo por mim e um pouco mais, foi o que ninguém mais poderia ser, ser meu pai. Tão especial pra mim por ser um avô e ter feito o que ninguém faria melhor que o senhor. Sou muito grata por ter você em minha vida, mesmo não estando mais aqui. Apesar de ter sido muito duro o momento de sua partida, eu sei que Deus não me colocou do seu lado, segurando sua mão por acaso. Vai ser difícil de esquecer o que presenciei, pois você foi a pessoa mais forte que conheci em toda a minha vida, minha fortaleza. Eu pedia tanto para estar com você, chorava por isso. A única vez em que o vi chorar, foi quando o seu olhar nos dizia o quanto estava cansado de lutar por uma doença tão rude, por não poder nos dizer nada, tua agonia era clara, escorria pelos olhos, pois um pássaro que viveu a vida inteira voando, jamais desejaria ficar preso. E depois você se libertou, voou, viajou para longe de nós, ao mesmo tempo nos deixando tanto, tanto... Sinto muita falta do seu abraço, pois era tudo que curava a minha dor, era o que causava a minha alegria. Que saudade... que saudade. Posso dizer com toda convicção, que a sua missão, foi mesmo cumprida.

Yasmine Camargo
Enviado por Yasmine Camargo em 13/01/2015
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