“É duro não saber escrever....”

Na ultima vez que ouvi a voz dele, ele se encontrava em um leito de hospital, com a voz rouca ocasionada pela fraqueza que a doença lhe causava, ele tentou (em vão) se comunicar comigo por diversas vezes sem que eu o entendesse, por fim, vencido pelo cansaço, ele me olhou profundamente (com os olhos marejados de lágrimas) e entendi quando ele falou quase num sopro:

“-É duro não saber escrever....”

Foi terrível perceber que se ele soubesse escrever ele poderia se comunicar comigo ou com outras pessoas quaisquer, mas sem esse recurso, fiquei sem saber o que ele queria me dizer, pois naquele mesmo dia ele foi intubado. Gesticulou para mim inúmeras vezes, mas não foi mais possível entendê-lo.

Eu o via angustiado tentando se comunicar comigo sem, no entanto obter êxito Se ele soubesse escrever... Porém ele era analfabeto. Queria ter tido tempo de ensiná-lo a ler, afinal ele foi meu primeiro professor.

Aprendi tanto com ele desde o primeiro momento de vida...

Ps: Terminei um curso de Pedagogia e pretendo fazer uma especialização em EJA.