Nessa bela segunda-feira o amanhecer era muito especial.
 
O doce instante no qual Deus saúda a humanidade, na mente de Maria e José, além do encanto habitual, iniciava um dia que jamais os dois esqueceriam.
Dono de um modesto comércio, o casal que, obedecendo à rotina do trabalho diário, quase desconhecia folgas, não conseguiu dormir.
Uma enorme ansiedade prevaleceu. O indescritível prazer comemorando a inauguração da tão idealizada clínica odontológica apagou o cansaço e a sensação de tempo.
 
O esforço perene, nas atividades do mercadinho de Guga (José Augusto), parecia alcançar a justa compensação nesse momento mágico.
Eles me fizeram um gentil convite. Pediram para eu comparecer a um café da manhã festivo.
Queriam rogar as bênçãos do Criador e oficializar a abertura da clínica.
Eu aceitei contente a preciosa oportunidade.
 
Convivendo no meu antigo bairro, painho e mainha observaram Guga crescendo. Eu era garotinho, todavia recordo o ex-bancário subindo ou descendo a rua.
Mais tarde decidiu o incrível destino fazer Guga, ao lado da dedicada esposa, residir no meu atual bairro.
Rápido nosso entrosamento, envolvendo a cativante Maria, ganhou força e respeito. Sempre pude, realizando compras na agradável mercearia, provar a sincera amizade que eles costumam me oferecer.
 
Estreitando os laços com o nobre casal, testemunhei a única filha seguir fascinantes passos os quais inspiraram o excessivo suor dos dois.
O esgotamento insistiu visitando, entretanto a necessidade de bancar os estudos da querida menina não possibilitava fraquejar nem desistir.
 
A menina, que logo virou uma simpática moça, não decepcionou.
A atual dentista, diversas vezes, desprezou a vã distração, escolhendo sonhar ao lado dos amorosos pais e, dessa forma, espalhar flores bem perfumadas no jardim das realizações.
 
Hoje todos saboreiam os frutos do labor honrado e perseverante.
 
* Durante a oração eu notei Guga e Maria maravilhados.
Ele, austero e objetivo, conservou a cabeça curvada acompanhando a inspirada prece com total respeito; ela ainda conferia a correção das mesas, porém, escutando as bonitas palavras de gratidão endereçadas ao bondoso Pai, a valorosa mãe não conteve a grande emoção.
Desde cedo Maria havia guardado o gostoso choro. Ela temia não evitar, contudo, embalada pela poesia da suave oração, percebendo que a hora chegou, cedeu e deixou surgir sagradas lágrimas.
 
Lágrimas do sucesso sonhado, almejado, edificado e conquistado!
O começo de uma etapa próspera que os alicerces da profunda ternura e as bases do trabalho digno permitiam agora celebrar.
 
E as mais lindas flores enfeitaram o jardim!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 03/02/2015
Reeditado em 03/02/2015
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