A minha mãe

Depois de andar por centenas de metros dentro do cemitério.Minha Irmã para a minha frente.Olho onde ela parou e reconheço o túmulo de minha mãe.Faz mais de dois anos que estive ali.Como não moro na cidade em que ela está sepultada, fui poucas vezes no tumulo dela.Olho:abandonado!As poucas flores que estão sobre o túmulo são de plástico e estão desbotadas.Há também parte de um vaso de louça tombado sobre ele.Não tem mais cor.O Nome que havia gravado sobre ele também desapareceu.

Olho tudo aquilo e uma angustia toma conta de mim.Faz tanto tempo e me lembro como se fosse ontem.O rosto lívido. As rosas vermelhas sobre ela.Rezo uma prece, faço um pedido, depois faço um agradecimento:”Por tudo que sou, pelo que aprendi com ela durante a vida toda, quando observava seus atos para depois imitar.E, PRINCIPALMENTE por ela ter permitido que eu nascesse", pois sei que quando uma mãe não quer, não nasce um filho.Um homem pode “liberar” um milhão de espermatozoide, mas terá sido jogado fora se uma mulher não se permitir ser mãe.

Resta agora apenas uma lápide sem nome.Apenas um número: 973

Ela nunca quis fotos, não queria que a olhassem depois que tivesse ido.Portanto nem vejo como abandono.É “quase” a realização de um desejo: O anonimato.Só um número:Para os que não a conheceram: 973. Mas para mim és a numero 1.