Goiânia, 10 de maio de 2015.
 
Ana Lúcia
 
    
      Penso que não importa o tempo posto que ele não apaga os laços familiares ternos, fraternos e afetuosos. Por isso hoje quero recordar um momento muito especial vivido por mim no apartamento de sua avó Adegmar. Ei-lo:

... Eu sentada numa poltrona e o meu ventre já estendido carregava um ser que dali a alguns meses iria nascer e num carrinho de bebê bem próximo de mim uma linda menininha chorava enquanto meus pensamentos estavam longe... Num horizonte que eu ainda tentava desvendar!

   
       De repente, uma jovem mãe sai da cozinha com um pano de prato na mão e me traz de volta a realidade com uma pergunta simples, porém realista:

- Liliane você não está vendo o bebê chorar?
     Ajeitei-me na poltrona e disse:
- Sim, estou vendo.
- Então nina ela até eu terminar o que estou fazendo na cozinha!
     Respondi num impulso:
- Como assim? O que devo fazer?
     Ela respondeu nervosa:
- Estende o seu pé no apoio do carrinho e puxa pra lá e pra cá para acalmá-la!
   

            Imediatamente comecei o exercício. Com um pé puxava o carrinho pra lá e pra cá. Meu primeiro exercício aprendido da arte de ser mãe foi ‘como acalmar uma criancinha’. Porém, não deu muito certo. Quanto mais eu balançava aquele carrinho mais ela chorava e transpirava a cabecinha.  Novamente fui interpelada pela mãe que da porta da cozinha determinou:
- Liliane pega no colo! Está muito quente. Tire-a do carrinho e anda com ela!
    

           Lá fui eu para o segundo exercício: ‘ tirar uma bonequinha de verdade do carrinho’! Parecia ser tão fácil!  Mas não foi. Não conseguia abrir o feixe do carrinho. E nesta altura não sabia se balançava o carrinho se parava de balançar e comecei a tremer as mãos com medo da próxima bronca que iria levar. Não deu outra:
 
- Liliane eu não acredito que você não conseguiu até agora tirá-la do carrinho!!!!
    

           E dando um passo na minha frente desamarrou com a maior facilidade aquele feixe pegou-a e olhou pra mim e disse:

- Estende os braços! E me entregou uma bonequinha viva!
- Fica com ela até eu arrumar o banho dela, pois de tanto chorar esta toda suada. E não senta. Fica andando com ela!

    
      Obediente, assim o fiz. E como o calor estava insuportável naquele dia me atrevi a chegar perto da grande janela que tinha naquela sala para quem sabe fazê-la parar de suar se tivesse a sorte de um ventinho qualquer entrar por ali vez não conseguia fazê-la parar de chorar.

     
     Quando aproximei da janela veio-me na mente - numa fração de segundos - que ‘os antigos diziam que o vento podia dar constipação e era um perigo a criança ter constipação’. E, como quem ia fazer uma arte e foi salva pelos ensinamentos dos antigos voltei para a poltrona e sentei com ela no meu colo.

- Ufa! Que alívio. Eu não tinha sido pega fazendo mais nada de errado, pensei.

     
     Só não entendia porque aquele bebê não parava de chorar. Suar tudo bem! Fazia muito calor seria normal. Mas porque não parava de chorar? O que eu podia fazer? Comecei a suar também, mas não me atrevia a sequer mudar a posição em que segurava o bebê de um braço para o outro. E o medo de deixa-la cair? Fiquei inerte. E o choro só aumentando. Enquanto isto sua mãe muito zelosa grita lá do banheiro:

- Põe o bico na boca dela, Liliane!!!!  Pelo amor de Deus!

     
     Onde estava o bico? Pensei. E olhando em volta vi uma caixinha verde igual a que a minha irmã Sandra usava para guardar um monte de coisas do meu sobrinho Matheus que também era um bebê, porém mais velho. Mas que eu nunca havia dado a menor importância á existência daquela caixinha.  Ao ver que era praticamente idêntica a do meu sobrinho pensei:

- Achei o bico!  Esta na caixinha. Graças a Deus!
    
 
     
     E, ao tentar abrir a caixinha vi que minhas duas mãos estavam ocupadas segurando firme aquele bebezinho que não parava de chorar e suar. E, enquanto pensava como fazer, O que fazer, ouço um novo comando lá do quarto:

- O bico tá amarrado numa toalhinha.  Já pegou Liliane?

    
      No desespero em que me via corri os olhos por toda a sala e vi o bico dentro do carrinho amarrado numa toalhinha. Abaixei devagarinho e peguei o bico com a firme esperança de que ela iria parar de chorar. Coloquei na boquinha, ela chupou duas vezes e jogou fora. E o meu desespero só aumentando. Tentei de novo e segurei uma das suas mãozinhas e disse bem baixinho quase suplicando: “Pega o biquinho”! “Pega o biquinho”! “Pelo amor de Deus, pega o biquinho”!  E ninava-a bem devagarinho enquanto andava e falava “Pega o biquinho”!
    

    
       E, no meu jeito todo impróprio de mãe de primeira viagem instintivamente pus o biquinho perto do meu seio e aconcheguei-a mais próxima do meu peito e senti pela primeira vez na minha vida a experiência de como poderia ser amamentar um filho ou filha no peito. Também me dei conta de que eu tinha nos braços um lindo bebezinho sobre o meu ventre que já carregava o meu futuro bebé que ainda iria chegar.

           Aquele momento entrou no âmago do meu ser e ela, enfim, parou de chorar! Vivenciava aquela sensação tão linda, tão única quando sua mãezinha  pegou-a dos meus braços e disse:

- Vem com a mamãe meu bebezinho lindo! Vamos tomar banho e ensinar a tia Liliane como se cuida de um bebê! Logo, logo você terá outro priminho ou priminha!

    
      E lá fomos nós para mais uma aventura! Depois do banho tomado muito enxutinha e cheirosinha a sua mãe me disse:

- Pegue a caixinha verde. Ficou lá na sala.

    
      Saí dali e fui pegar a misteriosa caixinha verde que guardava tudo: tudo que eu não sabia que uma mãe tinha de ter em casa, guardado numa caixinha!  Abri e ela me disse:

 - Vai tirando o que tem dentro desta caixinha e preste atenção que vou te ensinar para que serve tudo o que está aí e que você tem de ter quando seu neném chegar.

   
       Lá dentro tinha de tudo: termômetro para medir a temperatura da água, para febre, remédio para o caso do narizinho ficar escorrendo, remédio para cólica, remédio para prisão de ventre, remédio para febre, colírio para o caso dos olhinhos ficarem irritados depois do banho, cotonetes, algodão e um pozinho para passar no biquinho caso a criança não quisesse pegá-lo que também acalmava - a.

     
     Eu ouvia tudo e tudo me assustava, pois meus olhos foram se abrindo para uma realidade que estava chegando para mim. Mas aquele pozinho mágico que fazia a criança pegar o biquinho e parar de chorar... Ah! Esse me encantou. Se eu soubesse antes... Você, Ana Lúcia, não teria chorado tanto! E eu não teria passado tanto apuro!
    
      Nasceu, enfim, a minha bonequinha! E na minha caixinha, preparada com antecedência, eu tinha dois frascos daquele pozinho mágico. Afinal ele seria capaz de fazer um bebê parar de chorar! E, assim tudo estaria resolvido.

     Na minha ingênua imaturidade maternal eu só não contava que existissem bebezinhos que não pegavam o bico! E a minha filha foi assim. Rejeitou o bico logo que nasceu. Passava o pozinho e nada.  E, assim, começou a minha saga do... “Pega biquinho”, “Pega biquinho”, “Passava no pozinho” e segurava na boquinha dela e nada... Ela nunca pegou biquinho!!!!!
   
  
     O tempo passou....!
  
  
      De todos os bisnetos do vovô Tutino e da vovó Ana (avós maternos) você Ana Lúcia foi a primeira bisneta que acresceu a nossa descendência. A única que até agora viveu a experiência sagrada de ser mãe! A Sophia é a continuação de muitas gerações e reina absoluta no seio da nossa família.

    
      Então, neste dia tão especial – Dia das Mães – eu quero agradecer a Deus por ter usado você primeiro para ser mãe! E em nome de todas as mães da nossa família eu rogo a Deus que você continue tendo a mesma fé, dedicação e cuidado que sua mãe, Lúcia Helena, (nossa prima Lucinha ...era assim que eu e a minha irmã Sandra a chamávamos!) sempre teve com você e o com o Bruno.

     
     Saiba, ainda, que ao colocar você no meu colo eu compreendi o significado do gesto tão amoroso que é ‘acalentar um filho’. E, ao ‘abrir aquela caixinha verde’ aprendi o verdadeiro sentido de ser mãe: Amar e Cuidar!

     
     Então, hoje,  Ana Lúcia, abrace sua filha, o seu esposo,  as suas avós, abrace o seu avó,  tio Cláudio,  seu irmão Bruno, e com muita ternura o seu pai Rubens e ore:

...Obrigada Senhor MEU DEUS por Seu Tempo ser a Eternidade e, por crer que a vida terrena não nos limita vez que ela nos revela que somos eternos e por isso, todos nós voltaremos para perto de Ti um dia!

... Obrigada Senhor MEU DEUS porque eu tenho a quem chamar de Mãe,  de Pai,  de irmão,  de tios e tias,  de vovô e vovó, de meu esposo e a quem chamar de filha: ...a minha princesinha SOPHIA!

     
     Reflita também que suas primas – Ana Lídia, Amanda, Camila, Stéphanie e Marcela, seus primos Matheus e Raul, seu irmão Bruno, ainda estão solteiros – e a sua experiência materna lhes será de imensa grandeza!

     
     E nome de toda a nossa família eu quero agradecer a você Ana Lúcia por ter dado continuidade a mais uma geração da nossa família. E nunca duvide da existência do pozinho mágico! Ele mora no coração de todas as mães e se espalha pelas mãos benditas de Deus para constituirmos laços familiares invencíveis vez que a eternidade é real!
                NELE...
                Que é Soberano
                Em nossas Vidas...
                ...A sua MÃE VIVE!
                NELE...

               Que nos acolhe sempre
                Cujo nome bendito é

               JESUS, O CRISTO VIVO!
                ...Nós seguimos!
 
Feliz dia Mães!
Liliane Maria Prado Amuy e família
Liliane Prado
Enviado por Liliane Prado em 10/05/2015
Reeditado em 08/10/2015
Código do texto: T5236721
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