Recordei a última visita realizada por Jarbas.
 
Ele reclamou algo, porém não parecia chateado.
O jeito ranzinza soava como uma espécie de “charme”.
Não sei se estou correto, mas essa foi a leitura que fiz.
Na saída, com um leve sorriso, ele me deu um nego bom.
 
Após o São João escutei a notícia de que Jarbas se sentiu mal e estava num hospital tentando vencer a mais importante batalha.
Nessa sexta informaram que Jarbas não resistiu.
 
Desejei saber quem era, uma querida colega fez uma rápida descrição facilitando a lembrança daquele homem que me deu o nego bom.
 
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Jarbas quantos negos bons ofertou?
Por que o gesto me deixou tão introspectivo?
 
A vida parece uma estrada repleta de incertezas, sonhos, medos, ações, diversas reações, metas, aspirações, ilusões, passos que compõem um balé muito bonito, mas é impossível dançar da mesma forma.
No fim do espetáculo mereceremos elogios ou não?
As escolhas revelarão prudência ou os erros ganharão?
 
Jarbas mostrou optar pelo melhor quando oferecia negos bons.
Imagino que ele ousou bastante querendo semear amizades ou agindo igual a um mágico o qual prefere não revelar o segredo do número.
Por que dar um doce, um bombom, um nego bom? Por que não dar? Por que insistir repetindo as velhas fórmulas, desistir de tocar fundo o outro, evitar cativar, seduzir, conquistar almas?
Jarbas preferiu inovar.
 
A oferta inocente, o verso magnífico desejo guardar comigo.
Tamanha beleza tornou imortal, merece enorme admiração.
Com emoção vira canção, transforma em aplausos o coração.
 
Parabéns, Jarbas!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 25/07/2015
Reeditado em 25/07/2015
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