Carlinhos Veronezi, Talento à Flor da Pele

Bete Bissoli

Edna Bissoli

A nossa cidade lamenta ter perdido um dos melhores e mais completos de seus músicos, Antonio Carlos Veronezi. Não só por sua técnica ao executar os mais variados estilos musicais ao violão com notável virtuosismo, como – e principalmente – pela enorme criatividade e sofisticação com que o fazia. Mais ainda, Carlinhos Veronezi (como era chamado) era multiinstrumentista dos melhores e compositor de uma obra instrumental marcada por rara qualidade e beleza.

Nascido em São Pedro em 3 de junho de 1935, viveu sua infância e juventude com os pais, Francisco (Lile Veronezi) e Maria José (Zezinha Franzin), na vizinha Águas de São Pedro. Seu pai era, também, músico, e sua casa, repleta de instrumentos de corda, sopro e tecla. Em meio a esse pequeno “paraíso” musical, sua curiosidade e sensibilidade aguçada o levaram a explorar profundamente o universo fascinante da música e a aprender acordeão (teve, inclusive, algumas aulas com Mário Gennari Filho, multiinstrumentista, compositor e um dos mais famosos acordeonistas do Brasil nas décadas 40 e 50). Mais tarde, Carlinhos começou a dedicar-se também ao violão, instrumento com o qual mais se identificou no decorrer de sua vida.

Casou-se com Vera Mandarino, com quem teve um filho, Antonio Carlos Veronezi Filho. Com a esposa, foi morar em São Bernardo do Campo, onde residiu e trabalhou por vários anos.

Em São Bernardo, como violonista, acompanhou cantores de MPB como Célia, Tony Angeli e outros. Foi líder do Regional de Choro no Serviço de Cultura da Prefeitura de São Bernardo do Campo e participou de festivais de choro.

Anos mais tarde, já morando em São Pedro, SP, ele compôs a melodia do Hino Oficial da cidade (a letra é de Ideney G. de Oliveira) e integrou os grupos musicais Encontro Casual e Chorões da Velha Guarda.

Em 2003, “Trenzinho Lento”, uma toada feita em parceria com a compositora Bete Bissoli e interpretada pela dupla Moacyr e Sandra, recebeu o prêmio de segundo lugar no Festival de MPB de Rio Claro.

Em 2006, “Alma Pantaneira”, um rasqueado com melodia sua e letra de Bete Bissoli, também cantada por Moacyr e Sandra, venceu a semifinal do festival IV Viola de Todos os Cantos, da EPTV (afiliada Globo), em Araraquara. Em 2007 o violeiro, compositor e cantor Mazinho Quevedo grava “Marcas que Herdei”, parceria Carlinhos Veronezi/Bete Bissoli, no CD “Alma Caipira”. Em 2009, este CD foi indicado ao Grammy Latino na categoria Música de Raiz.

Compôs catorze músicas com Bete Bissoli e principalmente duas delas, “Alma Pantaneira” e “Trenzinho Lento”, foram apresentadas em diversos programas de TV, como Caminhos da Roça (EPTV-Globo); Viola, Minha Viola (TV Cultura); Encontro com Celia e Celma (TV Rural); Na Terra da Padroeira (Rede Vida e TV Aparecida); TV Terra e outras. Essas duas músicas integram o CD “Com Jeitinho Caipira”, lançado em 2005 pela dupla Moacyr e Sandra, e são muito apresentadas em rádios e TVs até hoje.

Em 2011 Carlinhos faz parte do elenco do musical “Música, Poesia e Amigos”, de Cléia Regina Belline Santos, projeto aprovado pela Secretaria Estadual de Cultura do Estado de São Paulo – Programa de Ação Cultural (Proac), realizado no Cine Teatro São Pedro, na cidade de São Pedro, SP, em uma série de seis apresentações.

Carlinhos Veronezi nasceu e viveu para a música. No dia 21 de julho, para nossa tristeza, ele partiu, mas sua obra musical permanece como o legado maior para a posteridade, assim como permanece o exemplo de extrema humildade com que Carlinhos se relacionava com o próprio talento, com as pessoas, enfim, com a vida.

Perdemos um amigo querido, perdemos um grande artista. Talvez ele esteja, agora, fazendo serenatas no céu!

Bete Bissoli, jornalista e compositora.

Edna Bissoli, bacharel em Letras.