MESMO COM UMA MORTE ANUNCIADA... MESMO ASSIM.

Encaro de forma natural a morte de um ser vivo. É o ciclo normal que rege as coisas naturais no nosso mundo conhecido.

Para os humanos o processo nascimento-vida-morte é mais complexo, permeado de valores imateriais do mundo criado pelo próprio homem.

Entretanto, por mais que pensemos estarmos preparado para uma morte anunciada, como foi o caso da minha mãe, após um bom período adoecida gravemente, mesmo assim, sofremos.

Pululam as lembranças de quem, como eu, deve muito à mãe, o que a faz estar presente em minha mente com muita intensidade a todo momento.

Cada detalhe que antes me passava desapercebido, nesse luto que estou vivenciando, revela sua marcante presença. São tantas recordações e elas são todas de intensa gratidão pelo que ela fez por mim:

Sabe- se lá quantas vezes me incentivastes ao estudo!

Nem sei contar as noites em claro que passastes com o filho doente.

Quantas vezes andastes comigo aos braços levando - me cansado?

Incontáveis foram às vezes que me colocaste comida na boca.

Foram inúmeras as noites que me ensinastes as tarefas da escola.

Quão grande foi sua paciência e dedicação no ensino do "catecismo".

Como foram sábios e prudentes os teus conselhos.

Quantos ensinamentos me transmitistes, as musicas que aprendi contigo, as redações que fizemos juntos, as "piadas" minhas que gostavas de ouvir.

Eu gostava e para sempre vou admirar tudo em você mãe!

Suas posições humanas, seu envolvimento político, sua visão de mundo pensando sempre no outro.

Sua fé recatada, mas com muita convicção. Seu amor ao próximo demonstrava isso.

Hoje estou assim, sei lá, meio revoltado por dentro, destrambelhado, confuso mesmo.

Acho que vou permanecer querendo, cada vez mais, sentir muito a sua falta. Descobri que Isso traz você pra bem pertinho de mim.

Parabéns mãezinha pelo ser humano que você conseguiu ser!