A novela Velho Chico, desde o início, soube construir cenas brilhantes, que merecem compor as retrospectivas e pedem incansáveis aplausos.
 
Elas expressaram o belo, traduzindo atuações primorosas, espalhando fascínio, propondo elevadas reflexões, exemplificando a verdadeira arte, capaz de seduzir e superar bastante o momento.
 
Ontem não foi diferente.
Reunindo dois personagens fantásticos, formados pela mão habilidosa de atores tão perfeitos, Carlos Vereza e Selma Egrei emocionaram num encontro que ressaltou a inadiável necessidade da reconciliação.
 
O Padre Benício, sabendo que Encarnação procurou Piedade e pediu perdão por ser a mandante de um crime o qual parecia pertencer a Afrânio, arrependido porque recusou o sacramento tolerante, o sublime bálsamo nos últimos minutos da centenária mulher, realizou a visita redentora.
Ele precisava dar o perdão solicitado e assim também tranquilizar sua nobre alma, imaginando ver desaparecer o ódio do pretérito, podendo talvez idealizar um porvir sereno.
O humano padre estava alegre, a oportunidade de estimular o conforto íntimo que Encarnação muito almejava motivou o desabafo sincero, paz inspirou, consolou o sacerdote.
 
Porém ela já não tinha o sangue circulando nas veias.
Como? Por que a querida matrona não esperou um pouco mais?
Padre Benício pretendia refazer o julgamento severo do diálogo anterior e confessar a grande admiração.
 
Mas Encarnação já partira...
O desespero do padre, percebendo o corpo frio de Encarnação, alcança a máxima emoção nessas intensas palavras:
_ Encarnação, pelo amor de Deus volte à vida, ainda que seja por um segundo, para ouvir da minha boca o perdão de Deus! E perdoe esse pecador, esse seu amigo!
 
O incontrolável choro do padre finaliza a admirável cena.
 
* No mundo real falta demais poesia, os diálogos edificantes sumiram, o conteúdo e os ideais de beleza quase todos nós tememos esquecer. 
Na ficção resistem os versos excelentes, os diálogos conseguem fazer adentrar a fantasia e os anseios revelam o quanto ainda nós podemos sonhar.
 
Uma atitude digna, sempre honrando a generosa Terra, cativando as pessoas sem cansar, tornando leves as memórias, simplificando sorrir e fortalecendo a vontade de agradecer a Deus a vida.
 
Que bom! Restou a maravilhosa arte!
 
Parabéns, Velho Chico!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 20/09/2016
Reeditado em 24/09/2016
Código do texto: T5766613
Classificação de conteúdo: seguro