Princesa Isabel. A libertadora dos escravos.

Geralmente, na história do Brasil, quando nos referimos ao nome da valorosa Princesa Isabel Cristina Leopoldina Augusta, filha de D. Pedro II, vem sempre à nossa memória, a data de 13 de maio de 1888. Poucos estudiosos lembrar-se-ão de que aquela digna cidadã do Império Nacional nasceu a 29 de julho de 1846. Portanto, hoje, dia 29 de julho de 2007, está sendo comemorado o aniversário de 161 anos de nascimento da nobre princesa.

Por essa razão, resolvi relembrar, para os companheiros deste Recanto, alguns dados da história brasileira, que enobrecem e cultuam o nome da Princesa abolicionista;

-Tudo começou na data de 10 de agosto de 1850, ocasião em que a Assembléia Geral do Império reunida no Paço do Senado declarava a menina Isabel, de apenas quatro anos de idade, herdeira do trono brasileiro, uma vez que seus irmãos mais velhos haviam morrido.

O tempo passou e, então, em 15 de outubro de 1864, casou com Gastão de Orleans, o Conde d 'EU, passando a tomar inúmeras decisões envolvendo o progresso do País.

Isabel, já com 41anos, dirigia agora o Império com grande conhecimento político e alguma prática de Governo. Uma espinhosa tarefa a aguardava; a questão dos escravos.

Crescia a campanha abolicionista. Comícios, reuniões, sociedades libertadoras, alforrias, os militares negando-se a perseguir negros fugitivos, a opinião pública mobilizada. O Ministério conservador presidido pelo Barão de Cotegipe, no entanto, não cedia e proibia reuniões abolicionistas em praça pública.

Isabel, que mantivera o Ministério apesar de sua renúncia, porque o julgava capaz de sustentar a situação política e militar bastante tensa, começava a arrepender-se e pressionar o ministro Cotegipe.

Era o início de 1888 e a Câmara estava em recesso. O Barão de Cotegipe fazia-se de surdo, na certeza de que seu ministério só poderia cair por um golpe de Estado.

Um pequeno incidente envolvendo o ministério, entretanto, obrigou a princesa Isabel solicitar explicações do ministro da Justiça. Não satisfeita com a resposta, manifestou o seu descontentamento, de maneira brusca, então o ministro se viu constrangido, demitindo-se imediatamente.

A princesa sabia o que desejava. Nem esperou pelas articulações dos políticos; indicou João Alfredo, conservador abolicionista, para a presidência do Ministério e ficou aguardando os acontecimentos.

A 1° de abril de 1888, na cidade de Petrópolis, presidiu a solenidade de entrega de 103 cartas de alforria. Em 3 de maio, na abertura da Câmara, procedeu ao seguinte discurso:

-...Confio que não hesitareis em apagar do direito pátrio a única exceção que nele figura, em antagonismo com o espírito cristão e liberal de nossas instituições.

Na data de 8 de maio a Câmara recebeu o projeto governamental, constando de dois importantíssimos artigos: Art.1°- É declarada extinta a escravidão no Brasil. Art.2°- Revogam-se as disposições em contrário.

Dois dias depois ele foi aprovado por 83 votos a 9, com uma única modificação; acrescentaram-se ao primeiro artigo as palavras "desde a data desta lei", tendo sido enviado ao Senado.

Impaciente Isabel desceu de Petrópolis e se instalou no paço da cidade, aguardando as últimas votações do Senado para, em seguida, sancionar a lei.

Na ante-sala do trono, Isabel mostrava ansiedade. Da mesma forma o povo esperava nas ruas.

Após a chegada dos senadores com a documentação, a Princesa Isabel apressou-se e às 3,30h, em público, assinou a Lei Áurea. No palácio, nas ruas, na cidade inteira, discursos, festas, lenços brancos e foguetes, demonstravam a alegria do povo. Acabara-se a mancha da escravidão no último país americano possuidor de escravos.

Na minha ótica, como cidadão brasileiro, estou plenamente convicto de que o Decreto-Lei que determinou a abolição da escravatura no Brasil, não somente é um dos mais dignificantes em toda a nossa história, como também um marco para a igualdade social entre as raças, fato que, infelizmente, jamais se verificou na prática. Não tenho dúvidas de que a Princesa Isabel sentir-se-ia envergonhada de seus compatriotas que criaram o inescrupuloso sistema de cotas, para a admissão de brancos e negros em universidades nacionais, caracterizando tratamento desigual, concluindo-se, pois, a oficialização do racismo.

Fonte: Grandes Personagens da História do Brasil, publicado em 1978.

Demarcy de Freitas Lobato (Em memória)
Enviado por Demarcy de Freitas Lobato (Em memória) em 29/07/2007
Reeditado em 29/07/2007
Código do texto: T584475