Ciao, xará!

Com pouco, se não é que lá chegaste, vais estar aí ao lado de Madre Teresa, de Frei Galvão e de João Paulo II. Pois é, justamente aquele titular do terceiro mais longo papado da história que, de pavor de tua inclinação pela teologia da libertação, em 1989 retalhou tua arquidiocese em cinco, só para te cercar de vigilantes bispos conservadores. Mas vocês têm a eternidade aí para conversarem e os ponteiros acertarem. E qualquer divergência, o Pai pode intervir e dúvidas e dívidas dirimir.

Menos tempo, contudo, estiveste comigo no aeroporto de Okecie, Varsóvia, enquanto aguardavas a conexão para Opole, para visitar um colega de sacerdócio. E lá fui, extra-programa, tão-somente para representar o Embaixador Meira Penna, católico militante mas nada simpatizante para com um purpurado comunista.

Se não chegou a um par de horas nosso encontro, para mim, inobstante, foi uma lição de humildade. Até me refreei de fazer perguntas só para aproveitar melhor a voz de um Pastor que fazia emudecerem tanques da repressão, enquanto davas voz ao rebanho.

Não me achava em Belo Horizonte quando a voz pra-lamentar de Aécio Cunha rechaçou uma iniciativa de homenagear-te como cidadão honorário da capital dos mineiros, sob a alegação de que te faltava macheza para receber aquela honraria. E não te ressentiste da recusa, aferrado que andavas avançando a causa do respeito aos humanos direitos.

O mundo todo te rende preitos de admiração e respeito hoje. Amanhã, sem tua guia, não será outro dia.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 14/12/2016
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