Catarina de Siena

(hoje, Dia Internacional da Mulher, falamos de uma mulher verdadeiramente grande diante de Deus e da humanidade)


CATARINA DE SIENA
Miguel Carqueija


Uma das maiores santas da história da Igreja Católica, Catarina de Siena (1347-1380), italiana de Siena, foi uma verdadeira profetiza do século XIV e mesmo tendo vivido poucos anos, deixou importante obra literária — foi uma filósofa escolástica e teóloga — e o Papa Paulo VI a declarou Doutora da Igreja em 3 de outubro de 1970. Dentre suas obras, o Diálogo da Providência Divina e quase 400 cartas conservadas. Entretanto Catarina não sabia escrever: ela ditava os seus textos.
Seu confessor era Raimundo de Cápua (hoje reconhecido como santo) e Catarina exerceu grande influência em seu país e sua época, chegando a pacificar conflitos.
O grande fato de sua curta e fecunda existência, porém, refere-se a uma grande crise que a Igreja atravessou durante setenta anos, o chamado Cativeiro de Avinhão. Foi o exílio do papa em Avinhão, na França, por consequência de injunções políticas que tornaram o Sumo Pontífice quase num prisioneiro da monarquia francesa. Enquanto isso o Vaticano caía no abandono.
Quado resolveu agir, num caso que envolvia o destino do povo católico, Catarina dirigiu-se a Avinhão e falou diretamente com Gregório XI, o papa então vigente, e a quem ela costumava escrever. Era a santa uma jovem mulher de aproximadamente trinta anos, membro da Ordem Terceira dos Pregadores, muito prestigiada na Itália pelos seus esforços em prol dos pobres e por sua segura doutrina. Agora, quiçá sem dar conta, ela iria mostrar ao mundo o poder de uma mulher decidida, mesmo em circunstâncias terríveis.
Deus, em seus misteriosos desígnios, permitira um longo período de angústia para a sua Igreja. O constrangedor cerceamento do Papado em Avinhão começara bem antes de Santa Catarina nascer; a Igreja mergulhava num caos sem precedentes e o Papa Gregório não se dispunha a reagir, pois nem todos os pontífices são pessoas de caráter forte. Ao Rei da França era conveniente a sua presença...
Não percamos de vista que lá havia a corte real, com toda a carga de luxúria e pecado que costumava acompanhar esses ambientes.
Catarina de Siena era uma profetisa, isto é, no sentido mais lato, uma pessoa que falava em nome de Deus. E o que ela disse na ocasião a Gregório XI foi terrível:


“Santidade, volte para Roma. Aqui eu estou sentindo o odor fétido do inferno.”

Sabe-se que Gregório XI ainda hesitou, indeciso sobre como deveria agir, o que deveria fazer. E Catarina então falou uma coisa que só uma santa ousaria dizer ao papa:

“Seja homem!”

A História atesta que Gregório XI arrumou os seus pertences e retornou a Roma.
O longo cativeiro dos papas em Avinhão chegara ao fim, graças à decidida ação desta mulher extraordinária.

Rio de Janeiro, 8 de março de 2017.