RÉQUIEM PARA FÁTIMA

o primeiro encontro tive o privilégio de ser “sorteado”. Ela foi minha tutora. Facilitadora. Seria esse o termo exato para adjetivá-la.

Já a conhecia assim de longe, em alguns eventos em que comparecemos e lá nos vimos. Sua figura que a princípio pôde me parecer um pouco apagada, logo após o primeiro contato no grupo se acendeu. Era pura luz.

Irradiava um saber sereno que nos fazia pensar sermos também iluminados, apesar de que, diante do seu conhecimento éramos simplesmente a – lunos (sem luz).  Ela, qual tocha nos punha fogo nas ideias, mas de forma calma, com aquela voz branda, aveludada. Nesse “mar - de - azeite”, suas orientações faziam o grupo navegar, e fluíam ideias e contra - ideias que findavam em soluções exponenciais para as agruras do Dr. Paulo (aquele diretor - material didático).

Na troca de grupo alguns colegas e eu podemos expressar nossa admiração pelo seu trabalho e quando o fizemos ela simplesmente, com um franzir de lábios, nos agradeceu. Não num gesto de arrogância, muito pelo contrário, com uma humildade estonteante que me fez admirá-la ainda mais.

Vimo-nos em outros encontros do curso.

Conversamos algumas vezes. Contou-me que nascera em Baturité e que havia migrado para estudar no Rio de Janeiro e tratar da sua saúde. Falou-me rapidamente sobre a família, de sua escola e poucas coisas mais.

Tentei certa vez ajudar a conduzir seus apetrechos tutoriais e ela educadamente me fez entender sua autonomia, sem alarde, polidamente.  Soube que hospitalizara - se. Prometi para mim mesmo que lhe faria uma visita, mas viajei em seguida. Na volta tive a notícia de sua viagem derradeira.

Tenho o advento da morte como coisa certa para nós vivos e por isso não me chocou o seu passar. Lamento ter sido breve o seu caminho. Lamento perder a fonte que jorrava eflúvios de saber e humildade.

Ficam as lembranças que nos seguem e torna a “Fatinha” eterna para mim, para nós!    

(Professora/Enfermeira Maria de Fátima Esteves Vitor / ESP - CE)