Mulher III
Tu és dona da vida e guardas em teu ventre a certeza do futuro.
És capaz de extraires beleza onde ela hiberna oculta, de criares a luz na mais completa escuridão. Podes ser lua cheia e soberana ou eclipse total, oscilas entre Eva e Lilith, entre deusa e bruxa, entre ingênua menina e mulher fatal.
Tens a docilidade da primavera, o afã do verão, a profundidade do inverno e a sabedoria infinita do outono, és musa, de toda e qualquer estação.
És mais que complemento, és a melhor parte, o sentimento no seu mais improvável zênite e a razão no ápice de seu entendimento.
És solução e perdição, problema e prêmio, ônus e bônus entrelaçados, impossíveis de serem dissociados.
És fonte vital, em tuas veias corre célere o vinho da mais sagrada e suprema ceia, em teu corpo, as curvas inconfessáveis e fisicamente improváveis, norteiam meu destino, em teus braços, vagueio entre homem e menino, a te possuir e me perder em teus labirintos e caminhos.
És sereia e mar, unas a me encantar com voz e marés, sem ti nada sou e tu, invariavelmente, sempre és.
És benção e maldição, letra e canção, loucura e paixão, tens a mão que quero sempre segurar, o rosto que escolhi para fitar, representas todas as ilimitadas possibilidades da palavra amar.
Mulher, és tu que quero por toda eternidade e além, que o panteão de todos os deuses me ouça, nos abençõe e diga amém.