COVARDIA: NÃO SE MATAM IDEALISTAS.

COVARDIA: NÃO SE MATAM IDEALISTAS

"Não tenho medo do grito dos maus, mas sim do silencio dos bons."

Martin Luther King

“Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o ultimo instante seu direito de dizê-la. “.

Voltaire

“Quanto se faturou e quanto vai se faturar com sua morte!”

O Pasquim, a respeito de Leila Diniz, atriz amada por muitos e criticada por outros.

Esse circo de horrores em que se transformou o Brasil parece não ter fim. Não bastasse o furacão político que assola o país e guerra urbana no Rio de Janeiro, uma vereadora carioca e ativista é calada com uma saraivada de tiros em pleno centro da Cidade Agora Nem Tanto Maravilhosa. Marielle Franco, seu assassinato fez o mundo chorar, lamentar e cobrar justiça. Concordo com tudo isso, mas a morte é irreversível. Para calar quem não fala o que queremos escutar é uma solução nazista, definitiva, inaceitável, covarde.

Cresceu vendo uma sociedade rica, mas conviveu no centro de uma comunidade carente, com um extrato social formado por leis próprias criadas conforme o poder de cada grupo. Trazia a público posições que sempre defendeu, pontuando as incontáveis agressões sofridas por aquela parte da população que só não é ignorada para trabalhar e votar. É difícil escapar do envolvimento com o crime nos bairros pobres do Rio e de muitas cidades brasileiras. Marielle, com um discurso radical e apaixonante, com uma coragem invejável, conquistou a duras penas seu espaço na política carioca. Preparou-se, cursou curso superior e mestrado, formação rara em nossos políticos. Acreditando no seu discurso, foi à rua, panfletou, foi eleita por seus seguidores que trazem as mesmas aspirações que ela trazia: justiça social, igualdade de direitos, menos violência. Obteve os votos necessários para eleger-se vereadora. Das comunidades pobres foram 10% do total, o restante distribuído por toda a cidade. Foi, portanto, escolhida por todos os cariocas.

O que faz com que uma pessoa canalize para si o combate aos erros que vê na sociedade em que vive e procure fazer ver a seus habitantes esses erros? Fazer ver não é o termo, mas lembrar das injustiças que sofrem e que aceitam tacitamente. O ser humano se adapta a tudo, e acaba por considerar certas as descriminações e injustiças que sofre. Os idealistas procuram nos tirar dessa servidão voluntária, dessa tendência de sermos capachos nos quais os poderosos podem limpar seus pés pisando sem dó, mostrando que a chamada “zona de conforto” é extremamente desconfortável e, até, insuportável. Concordemos ou não com seus conceitos e com o seu discurso, era uma voz forte que incomodou setores que não querem ser incomodados. E isso selou seu destino.

Descanse em paz Marielle, você deu seu recado. E muita gente ouviu.

Paulo Miorim 20/03/2018

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 20/03/2018
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