Para Sônia Ortega II

Maringá recebeu seu mais novo filho na manhã do dia 15 de junho de 1991 com muita luz! Na pia batismal da Catedral Nossa Senhora da Glória aquela linda criança recebeu o nome de Lucas. O significado do nome dá as diretrizes na trajetória pessoal, por isso esta criança veio para brilhar, para iluminar a quem dele se aproximar. Sua luz interior logo se fez notar pela sua inteligência, pelo seu jeito pró-ativo, e até pelos seus loiros cabelos.

Lucas recebeu uma ótima formação e aquela educação insubstituível que chamamos de “educação de berço”. Ele só não era mais feliz, por sentir a falta de um irmãozinho para brincar, para dialogar e até para simular aquelas costumeiras briguinhas de irmãos.

Este irmãozinho, o João Gabriel, chegou quando Lucas completou cinco aninhos. Então, ele vibrou de alegria e se prontificou a ajudar à mãe a cuidar do pequenino. Ele fazia luxinho em seus cabelos, conversava e até cantava pequenas canções de ninar, quando o bebezinho chorava. Se o nenezinho dormia, Lucas ia assistir televisão e nessa hora o marketing o alcançava, mostrando brinquedos bem coloridos, com um design vibrante e chamativo. Como o orçamento doméstico adiava aquelas compras, dando prioridade às despesas direcionadas mais ao caçulinha, Lucas deu tratos à bola e logo lhe surgiu a idéia de como conseguir o dinheiro necessário pelo caminho do trabalho. Montou uma barraquinha no condomínio do prédio onde morava e vendeu jarras e mais jarras de uma gostosa limonada, bem geladinha, feita pela mamãe Sônia. No outro dia, já estava ele orgulhosamente brincando com o homem-aranha que tinha um pára-quedas nas costas.

Quando Lucas completou seis anos, mudou-se com a família para Mie-Ken. Com seu jeito comunicativo, conquistou muitos amigos e aprendeu o japonês com facilidade. Logo arrumou uma maneira de economizar suas mesadas, seus valorizados yenes. Com nove anos já administrava seus brinquedos, comprando novos com o dinheiro apurado na venda dos usados. Certa ocasião, Lucas ficou fascinado com o lançamento de vários cartuchos de game. Contou seus yenes. Estavam muito aquém do necessário. Novamente recorreu à ajuda da mãe que era especialista em quibes. De bicicleta pelo bairro, tudo vendeu em meia hora de trabalho. Quem comprou apreciou e pediu bis! Lucas correu para a loja e com o cartucho de game voltou feliz para casa.

E assim Lucas foi crescendo, sempre amigo de João Gabriel, sempre estudioso, praticando esportes, com predileção pelo tênis, ajudando a mãe nos afazeres de casa, e, nas horas de folga, saindo com o pai para um lazer que só é possível no Japão: nadar num rio que tem águas transparentes! Depois do banho sempre acontece aquele gostoso churrasco!

Rodeado de amigos, ele se sente bem no Japão.

Lucas está com 16 anos. É um rapaz tranqüilo e carismático. Ele sonha em vir ao Brasil para visitar a bisavó, japonesa de 97 anos, e divertir-se com ela, com seu antigo linguajar japonês e ensinar-lhes palavras novas.

Lucas, que tsuru lhe traga muita saúde, alegria, felicidade e um brilhante futuro! Como o seu nome já preconizou!

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 29/08/2007
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