José

Existem muitas definições para sorte. Posso dizer que uma delas se aplica ao fato de um dia ter convivido com José Leôncio de Medeiros Filho, nosso querido Zezinho Benvida.

Nascido no sertão no ano de 19, Zezinho era uma homem simples, faceiro e muito vaidoso. Romântico, casou se com sua Cleonice e foi pai de Francisco, Rita, José e Manoel. Dono de sabedoria suficiente para ganhar o respeito por onde passava. “Ele tinha as palavras certas, para doutor não reclamar”. Contador de anedotas, prosas, fábulas, resenhas e de todas as histórias que se pudesse imaginar.

Trabalhou a juventude inteira entre as lavouras, colheitas, pescas e caças. A dureza da vida não lhe tocou o coração. Homem nobre, amável, gentil e carinhoso nunca te deixava sair sem um consolo, sem um sorriso, sem uma razão para achar que o dia não tinha valido a pena ou ao menos aquele instante. Sua casa era o centro de encontros da família, de amigos, de vizinhos. Ofertava com generosidade o que tinha na mesa, caso não aceitasse você certamente ouviria um “a casa recebe”. Degustador de chocolates e coca-cola, mas sempre com moderação: “ se você quiser ter uma vida longa, tem que se cuidar. Nada de exageros com açúcar e todo dia caminhar”.

Desbravador das dificuldades da vida. Filósofo, casamenteiro, curandeiro, religioso. “Avô por procuração” das crianças das redondezas. Anjo patriarca da família Medeiros, intercessor. Durante muitos anos tinha como compromisso no começo da tarde um terço para rezar. Entre as contas, contava contos, prosas, mas tudo a tempo de concluir a oração sem hesitar. Devoto de Nossa Senhora, com ela contava para continuar.

Seu principal ofício? Nos ensinar a amar. Carregava em si a essência da vida. Jovem de mente aos 97 anos de vida, nosso Zezinho Benvinda só nos ensinou a crer que o que vale nessa vida é prosperar.

Voltando a questão da sorte, ter sido filho, irmão, sobrinho, esposa, filho, neto, amigo, parente distante ou conhecido dele foi um enorme presente da vida, ao qual sempre seremos gratos.

Costumava dizer “Este mundo é uma ilusão”. Incentivava-nos a sermos amigos, amar a família e tirar fotos em todos os momentos de diversão. Será, meus amigos, que “isto é possível”? Tolerar as diferenças, apoiar as fraquezas e receber com o coração?

Aline Medeiros
Enviado por Aline Medeiros em 26/06/2018
Código do texto: T6374525
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.