Minha estrelinha

De uma pequena janela, via-se ao fundo, o céu escuro em contraste com o brilhante azul de inúmeras estrelas. Ar gelado! linda noite, fria! À medida que, lentamente, avançava ao cume, entre às marchas, ouvia-se, o respiro, rápido, do velho, e, cansado motor da última lotação que, cansada, ansiava pela folga de uma longa, e, confortável, descida. Atrás, um dia cansativo; à frente, algumas horas de folga, antes da merecida noite de sono. Em casa, jantar à mesa, "você era o feijão, e, eu, a casa." Estávamos nos primeiros dias, de nossa vida a dois. De volta ao cume, de um instante para o outro, uma daquelas estrelas, desprende-se e, em queda, inicia sua longa trajetória: um risco retilíneo, em um céu repleto de estrelas e, sem choque, parecia seguir em infinito movimento, até o fim, até o limite dos meus olhos. Não tive dúvidas! Era o sinal. Três anos de espera! Muitos exames e algumas promessas! Em oração pedíamos, mas até aquele instante, nenhuma novidade. O coração bateu forte! Minha estrelinha estava à caminho? Aprecei-me e disse, ainda no portal: "Vi uma linda estrela se desprender do céu, era uma estrela cadente. ..passou bem diante dos meus olhos; como não vê-la riscar o céu, de um canto ao outro do firmamento? e, como não dizer que você, em fim, receberá a nossa encomenda?" beijeia na fronte... e, em resposta, o seu olhar incrédulo, sempre à reboque; sorriso contido, tímido, nenhuma palavra. Após três anos, sem sinal; bastou três meses e às formas, sua e dela, se misturavam... já não estávamos mais, sós, nós dois, já éramos três. Vi, você menina! Vi, você mulher! vi que, antes, nasce a mãe, depois seu filho! Vi que ao nascer a mãe, essa faz nascer o pai de seu filho! Inacreditável! Que loucura! Nessa ordem! então: Nasce a mãe, esta, faz nascer o pai; e, depois, nascida a mãe, nascerá o filho. É preocupante, delicado e perigoso, o que testemunhamos nos dias de hoje, vemos nascer o filho e não a mãe! Mais isso foge à nossa estória...Que pela graça, Deus abençoe às nossas famílias; e, nos proteja de todo o mal, porque, infelizmente, ainda vivemos a lei antiga, afinal, como dissera (Gandhi ): " olho por olho e o mundo acabará cego ". Abra os olhos! Mais amor! Sem imposições, não haverá desgastes; e, com certeza, serão mais verdadeiros, os vínculos familiares. Daquele ponto da estrada, ficou a lembrança, fiz a mesma viagem,tantas outras noites, e, confesso! Nunca mais em minha vida, vi ,nem mais uma única vez, outra estrelinha riscar o céu ! De coração! Eu acredito em milagres, já fiz prova disso! Desajeitado, mas com cuidado, tomei a nos braços; e, eu, diria, tenho que, humildemente, lhe agradecer, pois foi você quem fez nascer sua " mãezinha "e fez nascer, também, o seu "paizinho ". Beijo filha! e, obrigado, minha estrelinha! !!!