Inquietude

Na vitrine, em destaque, um ursinho branco... reflexo imediato, pequena espertinha, dizia a mãe. Que recordação! Em cidade pequena, tem sempre uma pracinha, pois bem! passeavamos nós três. Pai, mãe e a pinpolhinha...que ensaiava os primeiros passos. Foi a realização de um sonho.

Nossos planos?....Bem! Para que servem os planos? Confesso que, logo cedo, os abandonei; não cabem em uma planilha.

Hoje, o "admirável mundo novo" e seus condicionamentos parece revogar o senso crítico. Terrível mordaça! Todos seguindo, obedientes, sei lá, para onde. Nos dias atuais, programas e aplicativos sofisticados, prometem servir de guia para os incontroláveis rebeldes. Não me considero um, eu até tentei, mas, acabei fugindo a esse controle, pois, nessa vida, só insistindo; sem as investidas, viverá no cabresto, na defesa, em um mundo onde a individualidade é artigo de luxo; e, fuja aos padrões, e, a rejeição virá! Fiquei, e, assim estou, até os dias de hoje, entre o primitivo e o moderno, bem ali, nem primitivo e nem moderno, Toquei o barco, passei pelo chá de bebê, berço, fraldas e todos os outros utensílios, tudo! Não ia me deixar, vencer, agora, por um ursinho. Comprei-o assim mesmo! Mas, estava sob controle! Vivamos esse momento, pensava eu.

Acordei de súbito, levantei, fui até o quarto; às vezes, a pequena se jogava do berço, encontrei-as, mãe e filha, no banheiro, pareciam conversar em segredo. Fiquei ali, observei com atenção, e, vi, naquele encontro, algo novo, não era um encontro normal! Algo diferente influia no tempo em que permaneciam ali, em silêncio, as duas, mãe e filha.

Dois anos... sem que houvessemos planejado, nasce a mãe, novamente. Eu, ali, pelo silêncio interpretei ... foi uma surpresa, fugiu ao previsto, não esperávamos.

Em silêncio, olhei para o céu, as estrelas com o mesmo azul brilhante, nada diferente! Novamente, criatura e criador, em oração; levantei a questão e inquieto pelo dia de amanhã, busquei a Deus. Fiquei eufórico quando compreendi que, antes, nós desejamos e pedimos, portanto, planejamos; porém, agora, sem pedidos, outro fruto da cura, profunda, de nossas almas, viria.

Ouvi certa vez que, "Aquele que não tem fé e abandona a consciência, naufraga." Deus atendeu o meu pedido, e, agora, talvez, seja um pedido dele, pensei, proverá o necessário.

"Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?" Mateus 6:31

Mais alguns meses e recebi a minha caçula. Carinho? era a caçula, sempre abraçada as minhas pernas; deitado ao chão, eu esperava, e, logo, se jogava, e, em meu peito, repousava. Bom era ve-la adormecer...saudades!

Um olhar displicente, distante, a acompanhava; pequena sozinha, em flash de memória, vejo a sua companheira inseparável, em seus braços, uma bonequinha de pano. Quieta de poucas amigas, em seu mundo inescrutável ; um contaponto a acessibilidade de sua irmã.

Entre as montanhas nasceram, mas, quando viram o mar, foi apaixonante. Hoje, continuo inquieto quanto ao futuro e, você, em paz, segue com alegria de fazer inveja. Acho que acabou herdando de mim a aversão a planilhas e todo o seu consequente condicionamento. Etiquetas, protocolos. ...

O enriquecimento vem de Deus, através dos filhos; sem eles não há exercício, por favor, não teorizem! Será sempre uma trindade: você, seu filho e Deus... período abencoado seguiu após o seu nascimento, e, nada nos faltou.

Fora o vazio que, às vezes, sinto, " Tuquinha "e "Sulinha " já se casaram e seguem suas vidas, ainda nos devem os netos. A vocês que nos ensinaram a ser mãe e pai: Muito obrigado, estrelinhas que Deus trouxe a este mundo, Minhas filhas!

Mas, neném! Como você diz : "um ano, não é muito; nem pouco, para uma mudança de um minuto, que poderá mudar para sempre as nossas vidas." Vida que segue!

Que Deus nos abençoe!