Meu melhor Presente

Hoje analisando a situação acredito que meu pai, Fernando, tenha sido iluminado naquela época por algum bom espírito, ou o meu anjo da guarda trabalhou para tal.

Isso mesmo, pois eu com apenas um ano de nascido fui entregue para ser criado por um dos seus amigos de trabalho.

Não consigo nem imaginar a dor e o sofrimento com que meus pais faziam isso, mas era necessário, uma vez que eles tinham pouco tempo de vida.

Minha mãe, Maria, acometida pela tuberculose, doença que na época não tinha cura, estava internada em um sanatório vivendo seus últimos instantes, e ele também portador da mesma doença caminhava para um estágio bem avançado e sendo estudante de medicina sabia que seu fim estava próximo.

Fatos esses que, consumados dentro de um período de seis meses, deixaram-me órfão com apenas um ano e seis meses.

A vida continuou normalmente e naquela nova família fui me adaptando, graças a atenção, carinho e amor que foram dispensados a mim.

Diante de tudo isso, a pura realidade é que ele, o meu pai biológico, presenteou-me com um novo e maravilhoso padrinho.

Padrinho esse que tornou-se meu verdadeiro pai, e junto com sua esposa minha nova mãe, não mediram esforços para me deixar tranquilo e feliz na nova caminhada, me protegendo de tudo e de todos que não aprovaram a minha entrada na família.

Tenho certeza de que onde quer eles estejam, na eternidade, sentiram-se aliviados pela acertada escolha do casal que tão bem souberam representá-los.

Agradeço a Deus por ter permitido que nossos caminhos fossem iluminados, amenizando o sofrimento deles e a minha dor pela perda tão rigorosa que a vida nos impôs, bem como, o prazer de ter convivido com seres magnânimos que foram os meus padrinhos, Heleno e Yvette.

1986

Fernando Antonio Pereira
Enviado por Fernando Antonio Pereira em 20/08/2019
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