Depoimento do Jornalista Diniz Campelo sobre o Pastor José Filho – Palmas/TO

"Um Grande Influenciador"

Fico profundamente feliz em falar do querido pastor José Filho. Ele marcou uma fase muito importante de minha vida: a adolescência.

Lembro-me com alegria daquela fase – um período muito especial em Rio Sono, minha terra natal. Fui criado na comunidade “Cuia de Mel”, na grande “família Lopes”. Antes de deixar Rio Sono eu tive a oportunidade de conhecer a Palavra de Deus com o pastor José Filho.

Tenho guardado em meu coração muitos episódios marcantes daquele tempo!

Quando o pastor José Filho chegou em Rio Sono, a população que não lhe conhecia tinha certo receio, pois no começo dos anos 90, praticamente, não existiam evangélicos no município. Algumas pessoas diziam coisas equivocadas a respeito dele, às vezes falavam mal, faziam piadas ou diziam que ele estava ensinando coisas ruins. Ele está “descabeceando” os jovens - era uma expressão popular que alguns moradores usavam para falar que aquilo que o pastor José Filho ensinava fazia os jovens “perderem a cabeça”, “perderem a razão”.

Por incrível que pareça, os ataques injustos e extremistas, na verdade, serviam de propaganda para o trabalho que ele desenvolvia. As pessoas ficavam curiosas para saber quem era aquele pastor que todo mundo falava. Quando alguém fala assim: “não vá naquele lugar! Não vá ali que tem um perigo!” Esses avisos geravam uma curiosidade enorme. Foi o que aconteceu. Todos queriam ver que perigo era aquele. Aí, quando chegávamos lá, víamos que o perigo era a Palavra de Deus, a mensagem do Evangelho. Logo, o pastor José Filho encheu a igreja. Em praticamente todos os cultos aconteciam conversões, pessoas entregando suas vidas à Cristo!

São muitas recordações boas!

Ele tinha muita paciência para conversar com os jovens; uma paciência enorme para entender o mundo dos adolescentes. O carisma do pastor José Filho era algo extraordinário.

Ele dirigia os cultos de uma maneira toda especial. Envolvia a juventude nos cultos e celebrações. Mesmo quando a igreja estava cheia, com 200 pessoas, ele conduzia a reunião de uma forma que todos se sentiam tocados. Às vezes ele estava pregando, cantando e citava nomes dos presentes, liberando palavras de benção, ânimo e motivação. Ele tinha esse jeito especial, essa maneira acolhedora, que fazia com que os jovens se sentissem especiais e queridos. Estar com o pastor José Filho era bom demais!

Em seus sermões ele transmitia uma paz muito boa. Ele abordava os temas mais complexos com muita suavidade. Lembro-me bem que ele usava vários exemplos de sua própria vida para acalmar, transmitir esperança e conselhos.

Ele fazia muitos cultos nas fazendas, vilas e povoados de Rio Sono e região. Eu fui o segundo de minha família a participar de uma igreja protestante. Antes de mim só a minha tia, Maria Olinda, era evangélica. Até hoje ela é membro da Igreja Deus é Amor. Quando eu me converti ao Evangelho, ninguém mais, num rol de mais de 150 pessoas que integravam minha família, professava essa fé. Todos os meus familiares eram católicos e tinham certa resistência com os crentes. Mas, essa situação foi mudando.

Lembro-me bem das reuniões que o pastor José Filho fazia nas fazendas nas proximidades do rio Mutum, em especial na casa do Sr. Juarez Gama, que se tornou evangelista e é dirigente da Assembleia de Deus na zona rural, na região do rio Prata. Ele era um braço-direito do pastor José Filho e, ainda hoje, permanece com boa saúde e atuante nos trabalhos da igreja. Eu aprendi a amar esse irmão. Ele também é um pai pra mim, pois o tenho como exemplo para minha vida. O irmão Juarez Gama e o pastor José Filho são duas pessoas especiais!

Eu também me recordo bem de outros cultos que foram marcantes em minha vida. Lembro de cultos na casa de Ana Batista, quando ela residia na região do Mutum. Outro culto marcante foi na casa do Zé Quirino, na fazenda Taboca, próxima ao povoado Brejo Fundo. Para realizar cultos nas fazendas, por vezes, devido aos problemas nas estradas rurais, como pontes caídas ou grandes buracos, que impediam os veículos de trafegar, ou até mesmo quando os carros apresentavam falhas mecânicas, o pastor José Filho tinha que percorrer longos trechos no lombo de burros ou cavalos. Ele não media esforços para levar a mensagem da Bíblia. Ele tinha um amor e uma vontade enorme de ajudar as pessoas.

O pastor José Filho era muito dinâmico e incansável na busca por propagar a Palavra de Deus. Ele até chegou a organizar uma caravana “Os Tropeadores Cristãos”. Ah, essa foi marcante! Eles subiam pela região das campinas, que é também conhecida como “região jalapoeira”, ou seja, é uma parte do Jalapão. Pouca gente sabe, mas Rio Sono faz parte dos nove municípios que compõem a região do Jalapão (um dos mais belos cartões-postais do Tocantins!). Naquela época, o acesso era bastante difícil; não havia pontes, nem estradas adequadas. Era uma parte isolada do estado. Tudo era muito difícil. O pastor José Filho liderou “Os Tropeadores Cristãos”, que era formado por um grupo de amigos montados a cavalo com a missão de evangelizar os moradores daquela região. Lembro-me de muita gente que participava daquela empreitada, tais como: Zé Soares, Valdemar Soares, Ribamar da região do “Chifre Fino”, Juarez Gama etc. Saíam bem cedo, logo após o nascer do sol, cavalgando numa alegria só, cantando pelo caminho, contando estórias, sorrindo ... pensa numa festa! Os tropeiros ranchavam ao meio dia, onde faziam um breve culto. Seguiam viagem no período da tarde; faziam o rancho ao cair da noite em outra localidade, onde realizavam outro culto, levando bençãos para dezenas de famílias – muitas das quais que estavam ouvindo pela primeira vez a mensagem da salvação. Inclusive visitaram meus familiares, meu pai Leonardo, o meu avô Abdon, minha bisavó Vicenza, que eram católicos por tradição, mas que foram impactados pela pregação do pastor José Filho. Ele disseminou a semente que frutificou e deu muitos frutos para honra e Glória do Senhor Jesus!

Tenho lembranças dos três filhos pequenos do pastor José Filho (Sóstenes, Silas e Saullo) e de outras crianças na mesma faixa etária, de 3 a 7 anos, como por exemplo, os meninos do irmão João Vargas e da irmã Mariinha (Shalom Vargas e Laudeto Vargas), brincando num monte de areia que ficava em frente da igreja, que estava em obras. Quando as mães saíam do culto se deparavam com a meninada correndo e brincando livre, todos sujos de areia e poeira. Elas levavam um susto e chamavam as crianças para irem pra casa tomar banho rsrsr. Foi um tempo muito bom, de ótimas recordações!

Eu me mudei de Rio Sono com 14 anos, convertido pela mensagem do pastor José Filho. Fui morar no sul do Tocantins, em Gurupi, onde fiz muitas amizades, estudei e ingressei na área da comunicação. Alguns anos depois, reencontrei o pastor José Filho e sua família em Palmas, onde atuo profissionalmente como repórter e radialista.

Lembrar do pastor José Filho me faz rever minha própria história, pois ele e sua família (irmã Eucina, os três filhos Sóstenes, Silas e Saulo), todos fazem parte de minha vida. Que coisa interessante! Que alegria!

O que posso dizer ainda é que em todos os momentos eu nunca deixei de carregar comigo os ensinamentos e boas lembranças daquela época.

Atualmente, fala-se bastante no “Social Media Influencer”, que são aquelas pessoas que usam as mídias sociais para passar mensagens, opiniões, para influenciar a sociedade. Eu vejo o pastor José Filho como um “grande influenciador”; ele é sem dúvidas um “cristão influencer”, um “cristão influenciador!”

Ele foi grande influenciador em minha vida! Nas escolhas que fiz, nos caminhos que trilhei, o meu perfil ... nas dificuldades, nos meus desafios ... em todos os momentos importantes de minha vida sempre me lembrava das palavras, dos ensinamentos do pastor José Filho. O que sou hoje tem forte influência do pastor José Filho! O que sou hoje, devo muito a ele!

Quando fiquei sabendo de sua partida, em fevereiro desse ano, eu fiquei muito sentido. Fiz uma homenagem para ele no meu programa de rádio, por tudo que ele representa para minha vida e para todos os tocantinenses!

Muitas saudades desse querido amigo!