Dez anos de Viola caipira

Precursor do Caipirando, o patriarca da Família Bonna veio do interiorzão do Brasil para a cidade do Rio de Janeiro, com sua violinha embaixo do braço, há muito anos, ainda no século passado, com a finalidade de formar dupla para tocar viola e cantar música sertaneja – menino ainda com cheiro da adolescência - com grande esperança de realizar seu sonho, infelizmente o destino o quis contrariar, fazendo-o desfazer-se do instrumento por não ter encontrado parceria para o seu objetivo; e certamente ter a música como meio para a própria sobrevivência. Então partiu rumo a novos horizontes buscando manter a dignidade da família e da cultura na qual certamente fora nascido e criado. Tudo aconteceu depois de ter formado com seu irmão a dupla Bone e Boninho e cantado numa rádio de sua cidade natal.

O velho Bonna, segundo ele, trabalhando em outra atividade, ficou quarenta anos sem tocar viola, nesse ínterim constituiu família e nasceu o menino Henrique Bonna, que na adolescência descobriu o gosto por instrumento de cordas, essencialmente por uma guitarra pedindo ao pai que o ensinasse e o velho Bona como todo bom pai o ensinou com maior prazer, mas na afinação de viola caipira – era o que sabia melhor, ao que parece – e mais tarde enfrentou o desafio de levar o menino para tocar música sertaneja onde se apresentava banda de Rock, tudo bem, não havia discriminação, toda manifestação musical era aceita, pai e filho cantaram em dupla o Menino da Porteira e receberam incentivo através de aplausos – é o que todo artista gosta – para tocar em frente. Ai o menino Henrique Bonna não parou mais; terminou o ensino normal e embrenhou-se para dentro de uma faculdade e foi estudar música, formou-se e jamais abandonou a viola caipira, conseguindo fazer com elas, a música e viola se tornassem seu meio de vida – Viola sua ferramenta profissional – especializando-se tanto que a viola hoje em suas mãos chega quase falar – lembrando o velho Tião Carreiro com seus pagodes desafiadores e arretados.

O Caipirando, de Alma Carioca está completando dez anos trazendo a todos nós a alegria de ser brasileiro, porque mistura culturas do campo com cultura da cidade, (vide Trenzinho do Caipira de Heitor Villas-Lobos) pois a vitória de hoje no remete aos antepassados que nos trouxeram até aqui. A família Bonna, essencialmente, o velho patriarca Bonna, nossos parabéns, pela luta, perseverança e resiliência para a conquista de um sonho que poderia simplesmente ter sido no tempo esquecido.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 25/02/2020
Reeditado em 25/02/2020
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